sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Usando Do meu direito “de estar quebrando” (sic) o pau da barraca Gerúndio do latim gerundium. Forma nominal e invariável do verbo, obtida por modificação do infinitivo com mudança do r em ndo. Ponto? Não tão simples: Num decreto (nº 28.314, de 28 de setembro de 2007) o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, “demitiu” o gerúndio. Mas como? Caneteando sua indignação sobre o famoso gerundismo. O gerúndio é uma das formas do verbo que serve para indicar uma ação em processo, com certa duração. Eventualmente esta ação pode ser simultânea a outra, acontecer num momento preciso, indicar repetição, intensidade, progressão, nesses casos o gerúndio vem antecedido do verbo auxiliar: Você está andando muito depressa! Estava lendo enquanto o pai falava. Eu ando comendo muito. O gerundismo é a forma errada: Estamos tendo de fazer manualmente. Vou estar transferindo sua ligação. Quem já conversou com um tele atendente ouviu o gerúndio usado após alguma forma verbal de ‘estar’. O excesso dessa “fórmula” (verbo estar + gerúndio) é motivo de troça, e contaminou, sendo freqüente fora do tele marketing. E aí está o problema. A linguagem oral e escrita deve ser concisa para passar a mensagem clara. Por essa razão o gerundismo deve ser “demitido”, pois dá à sentença um rebuscamento. E mais, quem tenta rebuscar a linguagem dessa forma consegue o efeito contrário, porque ela “dói” nos ouvidos. Mais um motivo para evitar o uso do ‘estar’ (ou alguma variante) seguido de outro verbo no gerúndio, é que esse tipo de construção enfraquece a frase, como se não houvesse a garantia do êxito de uma ação. Veja um exemplo: Minutinho, por favor, estarei verificando o estoque". Logo depois, volta para dizer: "Infelizmente não vamos estar tendo o produto. Credo... Para continuar usando do meu direito de quebrar o pau da barraca é que amoldo o gerúndio daqui para frente, procurando ser conciso, direto ao assunto, seja ele leve ou penoso, como mensurar tais pesos?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Apenas um instante... Virou o ano, estão ouvindo? A menina é crescida, rojões... A idosa menos vida, rojões... Quantas paradas tivemos? É urgentemente preciso, Saudar essas pessoinhas, Mostrar o tempo vivido... Abrir o tempo esperando. O tempo assim se fechando Em sóis de manhãs floridas E féretros desafogando. Que mais a viver em vida, Se não a espera das lidas, Das viagens, das paradas, Das músicas engendradas Nos amanhãs destanto? No correr desse decênio As vidas se entreolham, Umas amanhecendo, Outras indo embora... Arcabouço Somos a prisão involuntária. Quem somos, senão humanos, Aparvalhados com tal miséria De atos escabrosos em volta? Aqui somamos os males crassos Nos atos de criminosos natos. Somos nós em mal versado fato? Somos nós, sim senhor, quando... Arcabouço de gerações veladas Pelo que plantaram e colhemos Aquietados em nossas primazias. Nivelamos-nos assim por baixo, Ao rés desse chão sangrado fato, E não nos condoemos da afasia.
agenda A poesia Pode ser a página em branco, A opinião contrária, A concordância com o dito antes, A discordância da própria palavra... A poesia pode ser tudo Em sendo nada. A poesia só não pode ser Menos que a página em branco De uma agenda fria. A palavra poetizada É importante quando falada... E ouvida. Se não por isto, Que se a apague, Por nada.
Desbastamentos Os prosadores Que prosam dores Também podem rir Vez ou outra... Da própria desgraça Sem graça. Aqui nos encontramos, Nesta encruzilhada Há cruzes para os mortos E flores para os nascituros De agora... Que tudo tem sua hora. Defendida a pose do carrasco, Onde iremos encontrar O perdão aos erros crassos? Aqui nos atemos Ao prolixismo Das massas.
escavados Se pudessem explicar O olhar de desdém das pessoas Para com as pessoas... Poderia entender O sangramento desses cães Que comem o lixo E se satisfazem Disto. Porém... Tem sempre um porém, As pessoas não se explicam De seus insucessos, Do desdém pelos sofredores, Nem se apiedam dos cães E suas fomes Nos lixos.
Comida caseira Assim é a pasta feita fina Entre as palavras compradas Neste mercado de lascas... Donde trazer os pedaços De frases feitas ao acaso? Cozinhe bem o cozinhado, Cosa melhor o abotoado, Corra atrás desse tempero Com o limão do pé plantado. Seja o cheiro bom da comida Caseira do abençoado... Receita não se aprende Na teoria do malfadado, É preciso mão na massa, De preferência sem asco.
desencontros Os amores se desencontram... Pensam que não tivemos infância Enquanto fomos crianças... Penso que a paz não resiste Sem guerras intercaladas... Que o ódio faz parte De amar calado. Que o canto faz chorar E o choro traz seu canto... Cantores e dançarinos... Crianças crescendo lentamente Em nossas mentes trabalhadas Para envelhecer dignamente, Envilecendo os contatos. A paz de viver em grupo É uma guerra... Velada... Transformada em abraços. As dores se desencontram...
estancados O vento sopra em voz alta Nos pingentes da porta... Sininhos badalam vazios Em resposta, é o frio chegado Lá pelas seis da tarde, Trazido pela voz grossa De um vento furioso... As coisas da sala se fecham A medo, pelo tom do vento. Também eu fecho meus medos, Cerro as janelas, as portas, O coração pulsando forte... A medo de seu poder azedo De também mandar os ferros... Ferrolhos batem nervosos Numa assombração de elos Que se partem nesse gelo... São sete já, pinhões quentes, Chá fervido, uma espera Pelo desacontecido antes, Agora só ameaça estanque.
Manhãs de paz Nesta casa cansada Não deixem nos acordar agora... Dormimos esse sono solto Princípio de aurora, Inda madrugada. Nesta casa cansada Não deixem que a acordem... Que suas camas desarrumadas E suas mesas inda postas Fazem-na arriada. Nesta casa cansada Uma resposta espera ser argüida Sobre os porquês dos odores De café e biscoitos, Despedida? A guerra inda é como se foi, A paz inda sonho e premissa E suas malignas insídias Nesta casa cansada Na preguiça.
Em silêncio Quando vim para mim Como estou hoje Uma história manca Acompanhou-me... Somos parceiros desde antes, Nas vitórias e nas derrotas, Empatados nesse itinerante Ser que não me descansa. Quando o pensamento reúne As lembranças em silêncio, Em silêncio respondo a cada brasa... Uma espera pela resolução desmemoriada Das artimanhas de antes, agora nada. Foi uma infância, indo longe Nesses longes das faces anuviadas Numa seleção natural das importâncias... Cada rosto sumido é uma jornada Posta fora da memória seletiva Para não mais sofrer reveses Dessas lidas, quando.
Confinamento Nós, humanos, Estamos confinados Ao pensamento, sentimento De saber orientar-se melhor Que o cão, o gato, a raposa... No deserto de nossas ações, Secas de motivos. Qual seria o motivo da raposa, Senão a fome? Qual o motivo do cão, Senão o albergue? Qual o motivo do gato, Senão o afago? Concentradamente vagos... Qual o motivo do homem? Em vão procuramo-lo, Sem saber, como eles, orientar Pelo cheiro, pela visão, Pela audição... Apenas nos orientamos Pela ambição.
Ciclos (in)governáveis Comecemos este ciclo de meias verdades: Eleito o próximo burgo desta burguesia façamos as contas das travas à idolatria, quantos votos será preciso para governar as próprias pernas doridas de caminhar Sozinho? Todas as formas de ceder serão visitadas, dos favores prometidos, imerecidos, à disfunção de privilégios, à larga... Assim veremos o zarpar do barco, a baía cheia de “cadáveres” a interromper o passo mal dado. Quem será o mais chegado visitante desse legado? Façamos desse ciclo verdades inteiras, fora das fanfarronices, das bebedeiras... Há ainda pais educando filhos a palmada e filhos dando de ombros à autoridade... Seremos assim cidadãos da palmatória? Vermos assim as pedras desfazerem-se nas ruelas esburacadas? Sermos novamente os bobos desta corte dissimulada? Então, o que seremos agora, abertas as últimas urnas encalacradas desse votatório? Que cartório vai autenticar que eras tu, Cura, o próximo Brutus dessa empreitada? Todas as vezes elegidos foram salvos das denúncias fraudadas, depois contaminados. As más gestões cobram um preço muito alto aos retardatários. Assim como seremos sempre, necessários neste dia, apenas neste. depois desnecessariados... Outra vez o passo manca? Quem será o privilegiado desse legado? Somos uma turba interessante... Olhe bem o sorriso do eleitorado, a promessa em troco da promessa, o voto desmembrado da decência não é voto, é um cabresto desavergonhado. Que é das ruelas esburacadas? Novamente abobalhados votamos na pessoa errada? Então, o que seremos agora, amarfanhados nesse voto, de otários? Pensar que não merecemos tanto... Apenas licenciosidades sobre a mesa e uma espera que não finda cedo tornando velhacos os meninos lesos. Espera aí, senhores, que a história é feita de demoras e sossegos, depois de lufa lufa pelo voto o aviltamento da ética pelo peso. Como serás amanhã cedo, sendo metafórica amanhã o todo sempre neste futuro que encaras à frente. As manhãs dos amanhãs virão caindo pedras desse dominó manchado pela ação de cada dia, derrubadas pela mão do afago. Quem pode garantir estes vindouros dias melhores que o passado? Serás tu, Cura, o pródigo governado? Ou governarás tua cabeça à vida de milhares? Desgraçado é aquele prometido e mal pago. Veremos se a euforia faz sentido depois do amanhã certificado. A plebe que exalta não é mendiga, o burgo deve ser bem governado que a volta da roldana é o perigo atropelando vossas senhorias, se ficarem prostrados em abrigos. Comecemos este ciclo sem meias verdades, eleito o burgo desta burguesia faça conta das travas à idolatria. Terás as pernas que é preciso para caminhares só ao desabrigo? Enquanto as pedras se desfazem, outras caminharão contigo.
O princípio Fez-se a luz! A carga necessária para o nascer Das vidas. Fez-se o homem, A descarga de um ser predador Sobre a luz, opaca... Fez-se o princípio da palavra, do fogo, Da obstrução da água, Da inconsciência de matar, Não o fraco, O contendor feroz. Fez-se a estrada para a comiseração Aos atos impensados. Fez-se jorrar a impiedade No olhar de franca agressividade, Não vista antes... Fez-se a maturidade do pensamento. E agora, o que fazer do desmatar Das fontes de energia e beleza, Que compuseram antes O cenário deslumbrante, Acabado de desfazer-se?