sábado, 31 de maio de 2014



Não mais de repentes


Não foi de repente...
Aos poucos vamos alinhando
As importâncias reais,
Desfazendo o cinza das cores,
Refazendo a luz dos lugares.

Não é de repente...
Mas importava o desespero
De saber-se em novos janeiros,
Pessoas, ofertas, letreiros,
Não mais...

Não é assim de repente,
Mas, devagar vamos divagando
Sobre mentiras e ilusões
Das verdades... Diluindo
Conclusas necessidades,

Assim, de repente,
Sanando dúvidas, criando novas...
O sol renasce, o escuro desfaz-se,
A luz se refaz nas mentes
 Escuras demais.


quarta-feira, 28 de maio de 2014



Licores
Aos da melhor idade

Alguns se vêm grandes,
Alguns são verdadeiramente
Grandes...
Assim o tempo molda rugas
Calos, vertigens...
Assim o odor exalado
É cansaço...
Assim a pele queimada
É colheita...
Alguns se refazem fácil
Outros não se aceitam.
Para esses que chegaram
Meu brinde com licor
De ameixa.





segunda-feira, 26 de maio de 2014



Internet


Este não é o meu tempo.
Olho por cima da tela
E vejo o mundo colorido
Do qual participo...
Enamorei-me pelas ruas,
Criei família, filho, filha,
Sorrio aos meus netos porque
Olhei por cima das telas
E vi horizontes claros,
Jardins plantados,
Matas nativas, rios, mares...
Este tempo de curtir imagens
Gélidas nos monitores
Não é o meu tempo...
Estou ultrapassado?
Talvez para seu ideário,
Não para o que me interessa
Deixar de hereditário.

domingo, 25 de maio de 2014



No retrato do lambe-lambe


Onde ficam os amigos?
Onde mora o passarinho
No riso das fotografias?
Onde se situa a espera
Pela acabrunhada vinda?
Ao momento da pergunta
Emerge a não aceitação.

Aonde foram os amigos?
É preciso encontrá-los
A cada áspera despedida...
Preciso seria lembrá-los
Visível névoa do tempo
Que embaça a vista
Lavada de esquecimento.

Se tens por agora sonho,
Realiza! Sorria ao passarinho...
Não espere oferta de amizade,
Não controle caras feias
De chorosas fotos de partidas.
Apenas dou a mão à fraterna
Esperada mão recebida.

sexta-feira, 23 de maio de 2014




                                   Miopia ética

A distorção de pontos de vista sobre acontecimentos danosos. É a impressão que temos vendo certas projeções inexequíveis, proferidas por autoridades descompostas de padrões esperados em sua função, como, por exemplo, o financiamento de obras públicas nos mais diversos setores da comunidade, notadamente agora, com a proximidade da copa do mundo e a esperança da olimpíada vindoura. Já é de praxe gastar desmesuradamente o dinheiro suado dos contribuintes em superfaturamentos e desperdícios sem conta, executados por profissionais sem princípios. Vem de longe essa despreocupação com o custo real de obras e com seu desserviço para a população. Como não podemos regredir aos inúmeros atos falhos das gestões passadas, até poderíamos, mas seria dar furo na água, pela prescrição dos delitos, vamos nos ater ao que pode mudar de rumo, chama a atenção o volume de dinheiro, público ou privado, que fura os orçamentos pré determinados pelos contratos, nessas obras preparativas para os dois eventos. Uma distorção evidente é a crítica contundente que fazem à realização da copa do mundo no Brasil, pois, segundo dados do Ministério da Saúde, de um orçamento de 79 bilhões para 2013, foram aplicados 50% no período... Aí é de se pensar: com tanto dinheiro orçado, por que essa penúria dos hospitais e postos de saúde pelo país afora, com ou sem copa do mundo?! Outra controvérsia: Se aeroportos foram “privatizados” com tempo hábil, por que não estão prontos às vésperas da copa? Por que as obras de apoio, como tendas para a parafernália de equipamentos das emissoras que farão a cobertura, não estão montadas? Por que as vias de acesso continuam precárias?
A distorção se estende às manifestações contra a realização dos eventos, se são fatos consumados! As greves oportunistas que atravancam as grandes cidades são resultado do péssimo salário pago aos motoristas? Mas, desde quando estão assim? Como o absurdo das empresas que estavam cobrando dos motoristas as passagens abonadas por lei para pessoas idosas! São tantas reclamações oportunistas que dá a impressão de estarem negativando a própria brasilidade. Não é de hoje que as coisas não funcionam como se espera nesse rincão, mas nesse tempo que seria de festa grupos (dês)organizados tentam melar o sucesso dessa festa, tão esperada a cada quatro anos, como se o nosso povo não merecesse tal regalia, regalia em parte porque sabemos que não teremos a chave dos portões dos estádios, abertos em valores descomunais para a maioria da população...
Só para terminar esta linha de pensamento: A FIFA parece estar governando nossos governantes, senão vejamos alguns exemplos: mudou as regras de venda de bebidas nos estádios, convocou voluntários para trabalhar de graça, e, agora proibiu farofeiros na praia de Copacabana nos festejos organizados por ela... Até na praia o padrão FIFA?!  Assistindo pela TV posso comer pipoca?