sábado, 31 de outubro de 2015

A ossada lisa no chão crestado
Aos finados
A ossada lisa no chão crestado
Protesta a tempo seu passado,
Rugas cicatrizam ao sol arriado
Desse dia recosendo irado...

Longe do mar e a brisa avara,
Perto do mal inda arrimado,
Mangueirão sem cabras vigia
A secura prenhe de pecados...
A ossada lisa, escultura prazo
Indefinido no chão crestado
Brisa da noite, solares áridos...
Testemunha o tempo arado
Que se vai esgueirando tendo
Por futuro o fruto aziago.
Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle,

sexta-feira, 30 de outubro de 2015



Herança


Dou-te os anos a partir de mim,
Da queda fria ao calor da brasa...
Na cúpula do escuro como casa,
Na virtual presteza enrançada...

Dou-te dos anos o melhor vivido,
O sonho alargado pelo dissentido
Entre promessas idas e vertigens
De cada bem ou mal sucedido.

Dou-te essa paz sem rachaduras,
Ao olhar da lua e suas fissuras
Entre pares de palavras mudas...

Enfim a causa porque te dou asas
Pode ser o sonho que não tive
Entre soluções, risos e mágoas.


Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle,

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Aos GULOSOS esfomeados
Olhe para o teto
De sua câmara,
Diga a si o que vê
De si por lá...

Amêndoas açucaradas?
Crocantes pernis de porco?
Saladas... Saladas...
Essa culpa pela obesidade
Fareja tuas vontades
E o faz sonhar com o teto
Manchado em pratos
E pratos ao esfomeado...
Incontido.
Diga a si o que se passa
Nessa madrugada de gula...
Em que engordas o olho
Nas coisas impuras...
Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle,
SÓ LEMBRANDO: AMANHÃ TEM ELEIÇÃO
DO CONSELHO DE POLÍTICA CULTURAL.
NA ANTIGA PREFEITURA...
ALÔO: SOU CANDIDATO

terça-feira, 27 de outubro de 2015







Descoberta da terceira idade:
-O mundo não é redondo,
É quadrado e não se enquadra...










As pessoas falam muito...
Mas o que convence
O indeciso é o silêncio.












Afronta,
às vezes,
É o que não
se conta.








O choro na poesia
É como boi no matadouro:
Sofre calado, mas cala
O que lhe mata...











O cão uiva
O que resta da noite,
Entre as dores do ir
e o que foi-se









Mastigo a raiva ao predador
Mas não o engulo, cuspo
O entulho que me afronta
Do sem ética que defronta.












A vida não tem mais espaço
Para os que pararam no meio,
Deram um tempo, mas o tempo
Escasso que viria... Não veio.










O braço da dor é longo...
Vem de longe arcando gestos
E passa incólume ao prazer
Efêmero de ser...










Já se faz tarde o dia vivido
E o que tens de viver ainda
Desse extinto tempo passado
O futuro desarma vontades...










Vendo a criança minha neta
Aprendendo o bê-á-bá
Faz-me lembrar o quanto
Apreendo dela o que há...


Pesadelos


Toda noite fabrico um gelo
Nas intenções de viver-me...
Ser-me-ia fácil sorrir a esmo
Entre soluços vindos de fora,
De alguém que nem conheço,
E vai-se embora...

O choro convulsiva saudade
Do que perde o companheiro
Da cama ao lado, barba rala,
Pés descalços, lamúria cega
Entre pedaços de cheiros...
A altas horas...

Toda pessoa tem um irmão
Morrendo enquanto dorme...
A tarde dificultou-se em ser
Mais uma tarde anoitecendo
Entre pedaços de viver...
Como outra hora.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle,
ATENÇÃO PESSOAS INTERESSADAS NA CULTURA DA NOSSA JUVENTUDE: ELEIÇÃO DO NOVO CONSELHO DE CULTURA
A realizar-se na data de 29 de outubro de 2015, das 13:30 horas às 17:00 horas, nas dependências da Sede Administrativa dos Conselhos Municipais, sito à Praça Pio XII, 290 antiga Prefeitura.
CONTAMOS COM VOSSA PRESENÇA.
Adendo: sou candidato a uma vaga de conselheiro, no intuito de ajudar nessa seara, se confiares vosso voto a minha pessoa, agradeço. um abraço
COMENTÁRIO: QUEM PRETENDE SE REELEGER PRECISA TER FEITO UMA BOA GESTÃO, NÃO PAGAR ESPETINHOS NA VÉSPERA DA ELEIÇÃO.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015




A real beleza de viver-se


A real beleza de viver
Não esmorece,
Padece algumas
Dores do cansaço...
Geme joelhos desdobráveis
E segue...
Que o partir faz parte
Da beleza de viver-se,
Sem pressa
De solver-se em magma
Sob uma terra
Que sepulta lembranças
Do que fenece.










Queda


A sombra procura os passos
Do que a produz tão rápido...
Consome-se aqui o proveito
Daquela ausência rígida
Feita de outro jeito...
O da sombra que se afasta
Na queda do seu sujeito.






O pardalzinho


Sem contar com o estrago
\de suas fezes no meu carro,
Namora sua imagem
No espelho retrovisor
E se aquinhoa deslumbrado...




Contornos


A lua passeando na madrugada...
Não é uma visão poética,
É só olhar para este céu de lua 
cheia em amalgamadas teias...
A verdade aleatória das tardes
Quando os olhos confirmam
Os contornos dos morros...
Da variedade de cores solares
Se pondo... Até o nada,
Stand de sóis fotografados
Expostos numa parede branca
São as verdades não ditas
Desse mundo errante cada dia.
São os caprichos da natureza
 impondo à visão humana
A beleza de suas verdades...
O charme desses contornos,
Dos morros e das mulheres,
Sob os sóis das tardes.