domingo, 29 de janeiro de 2023

 

Manumite

 

Vejo enflorar

Paisagens inexistentes,

Flores pretas, folhas secas,

Olhares desconfiados

Da mentira de sol posto

Em plena desalegria...

Feito de tantas surpresas

Da noite tornando dia

Entre ventos sobpostos

Em clima de alforria...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Episódio 

 

A fragilidade deste tempo

Entre paz e destempero

Assusta o decorrente

Do que o fez primeiro...

Talvez a estreita linha

Entre o feito e o desfeito

Traga a incerteza minha

Sobre o dedo apontando

E outro retrocesso

Para um tempo ermo

De evento incerto

 

 Abancado

 

Hoje

Estarei voltando

Ao meu lar,

Meu tempo de aventuras,

Meu sonho de futuros...

Hoje

A vida corre lenta

A passos inaudíveis

A certa distância

Pelos que passaram...

Hoje

A paz de aceitar

Meus erros e desacertos

Me faz bem...

O amanhã está próximo

Posso tocar com os dedos

A solução de ocorrências,

Ontem impossíveis

De sorver.

 

sergiodonadio

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

 

 

 

Constatação:

Para envelhecer

Tem de merecer...

 

 

 

 

 

 

 

O tempo fica bisbilhotando

Cada aceno despercebido

Pelo outro sentido...

 

 

 

 

 

 

 

 

                       Prioridades

 

As almas não contam tempo,

Contam eventos...

 

 

 

 

 

 

 

O chão é grama

A paz é cama,

A voz é lama...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu estava sonhando, acordado,

A consciência fez-me notar

O quanto estava errado...

 

 

 

 

 

 

 

Um homem caminhando

Chega ao seu destino

Mas não o reconhece

Conforme prometido...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No sombreado da tarde

As cores mudam,

O claro do meio do dia

Esparva-se em agonia...

 

 

 

 

 

 

 

 

Estava ocupado com tarefas,

Agora me ocupo

Em respirar profundo

Ideias de um novo mundo...

 

 

 

 

 

Abancado

 

Hoje

Estarei voltando

Ao meu lar,

Meu tempo de aventuras,

Meu sonho de futuros...

Hoje

A vida corre lenta

A passos inaudíveis

A certa distância

Pelos que passaram...

Hoje

A paz de aceitar

Meus erros e desacertos

Me faz bem...

Hoje

O amanhã está próximo

Posso tocar com os dedos

A solução de ocorrências,

Ontem impossíveis

De sorver.

 

 

 

 

Licitações

 

Por dois gramas

Corta-se a grama...

 

                                       Casos e causos

 Pela minha percepção, sem floreios, casos são verídicos recontados, causos são inventados não vividos. Então, indo ao ponto, dedico esses casuísmos aos meus contemporâneos, que persistem em avançar idades, em series de memoriais inibidos antes, soltados agora, nessas sete décadas de desacertos, remendados de casos, vividos, a causos, desmembrados de sonhos, deixados na gaveta das intenções vencidas pelo cansaço de ilusões desiludidas ao tempo requentado de fornos apagados de ontens... Dedicando aos setentões palavras de convívios, inda relembrados com sorrisos, ou sarcásticos risos anedóticos sobre tropeções assumidos, ou não, daqueles dias convulsionados pelas urgências das fomes diversas, aventureiras e prolixas de retalhos de fatos e boatos. Segundo estatística, todos os dias se locupletam por guerras, pessoais ou impessoais, dos avizinhados ou do outro lado do mundo, que nos afetam o juízo dos porquês de suas existências. Nascidos nos pós segunda grande guerra, nós, desta geração, amiúde nos perguntamos: O que tenho com isso? Ao mesmo tempo somos parte das escaramuças, e nos distanciamos da responsabilidade, pela distância dos fatos, mesmo aos afustuados na vizinhança de nossas vidas, corridas e escorridas nos suores da sobrevivência de cada um. Guardamos nossos casos e nossos causos nesta memória de distâncias, nessa idade em que não guardamos ocorridos de hoje, por desnecessários ao convencimento de reais motivos. De fatos e não fatos vivemos a pensar nessas décadas de arranhões na pele e na alma, de nossas cicatrizes, teimosamente reincidentes na inconsciência de os ter vividos. Na idade em que estamos as importâncias de ontem se desimporta por agora, nesta ebulição de motivos os relacionados a comorbidade se tornam essenciais, ante outras dores ou prazeres possíveis. Caros, é hora de curtir a ausência de barulhentas companhias, que preferem sons pesados, modos deseducados, atos impensados... terão uma vida toda para se reconhecerem tão chatos quanto nós, em nossa idade, no momento de atingirem este ponto sem retorno, a saber o que inda não sabem, a perceber a chatice da chamada “melhor idade”, esta última idade na contagem regressiva dos tempos vividos e sem retorno ao esquecido de viver, quando se verão, como nós hoje, afunilando segundos, mancando passos e ideias,

Pedros, Zés Maria, Marias José, Dalcis, Vilsons, e tantos outros teimosos em continuar respirando, mesmo que doa, consolemo-nos porque a outra opção seria ter deixado de respirar antes de envelhecidos, mas igualmente envilecidos, rsrs...

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

 

Ao quedar a noite

 

São tempos difíceis

Estes que prenunciam o escuro

Depois do pôr de sol

Dos dias enevoados...

Ao quedar o tempo

Vislumbramos tal momento

No fusco da hora dormida...

Aqui somos o medo

Estampado na face lívida

De algum bêbado

À espreita...

 

Dúvidas antigas

 

As perguntas antigas,

Ainda sem resposta,

Soam como desafios

À comicidade de nós...

Cá estamos, desperturbados,

Ouvindo nossos temores

Dançarem em nosso senso

Na verdade, que nos fere,

Mas nos agrada...

Teríamos fé nos amuletos,

Desfazendo lágrimas?

 

sergiodonadio