Cochichos
É o falar
baixinho
Que põe
atentos
Ouvidos medrosos...
Uma vez
fomos gritantes
E não nos
ouviram.
Depois
fomos esquecidos,
Lembrados
agora
Ao falar
baixinho
Todas as
verdades
Gritadas...
Girassóis
Espero
Que
adormeçam
Meus
valores
Para
sorrir ao toque
D’outros
tempos,
D’onde a
flor girava
Ao caminhar
do sol,
A poedeira
De águas
novas
Cantava
aos fins...
Espero que
o tempo
Absorva o
mal vivido
E o bem
vivido
Para que a
passagem
Da
infância
Faça
sentido.
Amansamentos
Esta ideia
dura,
Amansada pelas
circunstâncias,
Salta de
meu peito
Para as orgias
da rua...
Peço calam
a esta ideia maluca,
Que pensa
sair esbofeteando
Meninos
arteiros...
Que tenta
processar
Políticos
remendeiros...
Calma...
Coração cansado,
A tarde já
veio
E pergunta
por nós
Nessa
eternidade de atos sujos...
Calma alma
acesa
Que o ódio
é inerente aos fracos,
A piedade
é ação dos fortes...
Calma, que
chegaremos lá,
D’onde a
paz será a resposta
A esta
ideia dura
De
esmurrar paredes e caras
Com risos
sarcásticos...
Peço um
pouco mais
Daquela
paciência herdada,
Absorvida
pela balburdia dos dias...
Calma,
alma revolta,
Calam à
sua volta as vozes antigas,
Cantam as
almas novas...
Cala-te,
coração cansado,
Que o
tempo esmiuçará as levas
E trará
dos longes a resposta
A esta
dúvida sobre o certo errado
Ou o
errado estar certo
Ante a verdade
dos fatos
Revelados
por suas presenças,
D’onde o
silêncio da paz importa mais
Que o
barulho das guerras.
A paz
esteja convosco
A paz é
sempre madrugada,
Mesmo o
sol nascendo
Ou tardando
chegar
A pôr-se
sobre as nuvens...
É sempre
madrugada
Para poder
estar em paz...
Silêncio,
por favor,
Não
perturbe este final de dia,
Começo de
esperança!
Que o
tempo passou devagar
E
caminha... Caminha
Para uma
nova mão estendida
Ao alcance
da esperada...
Mão vazia.
Desamparos
Um quarto
sujo,
Num lugar abandonado,
Pode ser o
túmulo de Bukowski,
A
liberdade de Quintana...
Ou a
ressurreição de Cristo.
Um quarto
pode ser aconchego
Ou lonjura
das outras vozes...
Como pode
ajuntar tantas vozes
Ao seu
silêncio?
Absurdo é
queixar-se do quarto
Quando é a
mente que está
Desamparada...
Vigília
Toda
pessoa
Descobre,
afinal,
Que sua
necessidade
É menos
material
Que
hormonal...
Que tudo
passa
No fim de
cada dia,
Mesmo a
fome
Ou a
malícia...
Fica este
respirar confuso
Nos fins
de tardes,
Um pouco
morrendo
Com o sol
do dia...
Sem
pegadas
Vão-se as
vontades,
Diluídas
entre
Mentidas
verdades...
Fica o
olhar distante
Meio que a
pedir socorro,
A tristeza
escondida
Em risos
marotos,
Entre as
fomes de viajar
Mora um
estranho lugar
Chamado
saudade...
Da
inutilidade da palavra
Grito aos
quatro ventos!
Tiro do
silêncio meu grito,
Verdades
antes escondidas
Nas
intempéries do relento...
Talvez não
seja o que penso
Nem pense
tudo que diga,
Mas neste
fervor de dizê-lo
Vibro com
todas as letras...
Talvez não
tenha a sutilidade
De um
romancista escorreito
Para
contornar xingamentos
E substitui-los
por mentiras
Mas tenho
aqui sinceridade
Compungida
por mementos.
Cambiemos
Cambiemos,
Que está
posto
O sol dos
ontens...
Os passos
dados
São passos
dados,
Nada que
possa
Consertar-lhes
O manco...
Cambiemos
Até
chegarmos
À próxima
Parede,
Em pranto.
Deixo minhas palavras
Em cada passo dado...
A verdade é que a vida
Entristece, sem pegadas.
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