domingo, 9 de março de 2014




Seremos perdoados alienados?
 Lembrados pela fala embebida.
Precisamos embebedar nisso.







Os dias desenham as vidas
Rascunhando... Rascunhando...
Às vezes um retrato bonito,
Outras vezes um garrancho...









Alguém...
Convença-me de que
Não tenho asas
Antes que eu tente voar!





Temores


Os meninos novinhos
Não temem os passos
À frente de seus pés...
As dores da caminhada,
 Guardadas nos muros
Da alegria dos parques...
As adagas virão depois
Perfurar a esperança
Sem mágoa ou mácula,
Quão distantes estão
Das perspectivas
Dos meninos novos
Que são imperceptíveis...
A névoa é rósea à visão
Dos meninos novos...
O escuro silêncio
Dessa madrugada
Só virá a medo
Na outra alvorada.
Estranho mundo
Que faz temer a noite
Diante de nossos pés...




Escassez


A escassez
De estrelas mostra
O outro lado da noite,
Donde pululam fantasmas
No crescimento em homens.
As nossas outras almas lutam
Na perdição das verdades,
Assumem seriam melhores
Fora esse início a tarde.

Chegamos de mãos vazias
À idade da razão fria...
Saber que a inutilidade
Das fúteis esperas
Fez-se tarde na manhã...
Agora que se abrem
O senso e maturidade
É preciso voltar ao leito
Da primeira mãe.




Talvez o caminho


Talvez o caminho
Seja o hálito fresco da manhã,
Talvez seja possível trazê-lo
Para o fumo da tarde enviesada
De erros e acertos
E assertivas sobre...

Parece-me que
O rigor das faces rosadas
Se altera tanto em tanto
Neste tempo de mortos...
Presumivelmente caminhantes,
Embora não mais.

Talvez sejam fantasmas
Daqueles dias lindos,
Sob revivos na memória
Distraída de apagar lembranças
Das tantas caminhadas
Levitantes.



Olé olá


Hoje vais vestir umas mentiras
Porque é carnaval...
Cantar umas marchinhas
Em voz alta, como nunca,
Por ser carnaval...
Curtir as dores de antes
Rindo delas despreocupado
Porque é carnaval...
Além disso, hoje não tens dívidas,
Sem cartões bloqueados,
Sem horários políticos,
Sem notórios larápios
Tentando orar pelo incurável.
É, o som que vem da rua
É o batuque sem promessas,
Apenas o bloco dos distraídos
Vencendo as não promessas,
Mesmo que prometido,
Ou não seria carnaval.




Dos varais


Furtaram pouca roupa,
Calças rotas, meias furadas,
Vergonha mantê-los limpos,
Disponíveis para de manhã.
Na rua, entre outras calças,
Meias , necessitadas pessoas
Sem seus próprios varais...

Essa gente caminha rápido
Com muito medo de ser...
Ser é perigoso nessa época
De mamíferos ferozes,
Leões procurando as gazelas,
Porque a carne é pouca, e
Somos carnívoros!

A fome ultrajando o medo,
Os pequenos roubos,
O degredo das classes...
Uma imensa fila vaga
Procurando gazelas,
Porque somos carnívoros
E a carne é fraca...



Recantos


Cada um no seu recanto,
Encanto de horas vividas,
De encanto em encanto
Buscando novas cantigas.

Cada um com seu espanto,
De ver as horas vencidas
De espanto em espanto
Brunindo antigas cantigas.

Cada um com seu manto
De saudades divididas,
Ombreando idas urdidas.

Assim paira desencanto
Sobre vívidas partidas
Repartindo despedidas.






Ensarto


A palavra paira
Na mente das pessoas.
Vide os livros queimados
A cada ensartada guerra,
Os discursos de Sêneca,
A absorvência do nazismo...
Todos escameados queimam
As palavras, os papéis concisos,
Mas elas ressurgem na mente,
Dos livros lidos.









  

Assôo


Quando sentir ser
O fantasma de si,
Procura entre arestas
O motivo do dia atual.
As manhãs que foram
Não importam mais,
 Mesmo melhores que
A de hoje.

Quando sentir dor,
O fantasma prometido,
Assoa essa poeira
Que aplaca as narinas
E volte a ser o sentido
Pelo que sobrou
Dos dias idos,
Inda agora...






Tingimentos


A paisagem tinge vermelho
O verde que antes era,
Secando o solo lavrado
Em fueiros de espera.
Talvez seja o sangue lavado
De tantas quimeras.

A paisagem está mais sincera,
Chovendo em áreas de seca
Nevando além do esperado...
Talvez seja o tempo de guerras
Entre as turbulências causadas
E a espera...










Chão sólido


O pisar pesado, passos largos,
Conveniências de ir sempre
Em frente... Em frente...
Não importa muito a espera
Pela razão, apenas o passo forte,
O chão moído deixando pegadas
Nesse fofo espaldar das águas...

Ossos quebrados, mão pesada
Sobre ombros fracos,
Detidos à força, sem razão.
Importa o senso de responsável
Pela alienação autoritária
Sobre o chão ensangüentado
Na lavagem dessas águas?

O pesar pisado, passos longos,
Conveniências a parte,
Sempre ladeando à forma...
Que importa agora a espera
Pela razão, não fora ela a culpada
Pelo chão moído, pegadas
Nesse espaldar das águas?




A camisa fora da calça


É minha metáfora
Para os versos soltos,
Parafraseando tantos
Que não se acomodaram
Na métrica ritmada.

Se não for possível
Rasgar as palavras,
É possível esconde-las
Nessa moita sem rima,
Só ritmada.

Percamos a camisa,
A calça, extrema alça
Deliberadamente falsa,
Mas não as pegadas
Da palavra.






Apesar da chuva


Apesar da chuva pesada
As sementes flutuam
Na leva da enxurrada,
São vazias promessas
Sob raios de tempestade.

Logo esquecidas
Na leva da enxurrada
Assim que o sol aponte
As sementes... Sementes...
É o renascer após a água

Na mostra da resistência
Da natureza à mão humana,
Antes estendida em oração,
Apedreja a própria cabeça
Nesses dias de mágoa.






O espírito das coisas


O espírito das coisas
Renega sua existência...
Não move um dedo
Para mostrar-se vivo.
Apenas observa lascivo
A presença das pernas
Que movem os bichos.

Mas, observando-as,
As coisas mesas,
As coisas camas,
As coisas livros,
Pode-se ver a vida,
Embora contemplativa,
Ruminando grãos.








Primaveras cansadas
6/3/2014    0 hora

A mão estendida do tempo
Oferece-se às regalias
Às quais nunca tive tempo.
Não viajei quanto ofertado,
Não ri quanto necessário,
Não respirei o ar solto
Das jornadas sem rumo.
Apenas vivi... Ao tempo
De suar perspectivas.

As dores desse viver
Revivendo as memórias,
Há pouco degredadas
 De mim na oferta estendida...
Essas mãos calosas e quentes
Dos dias remados à corrente
Ainda podem sedar a vida,
No suspiro das chegadas
Às lágrimas da despedida.
 
 Tempo de corações vazios...
A memória dos desencantos
Encanta a espera do frio.
São passagens efêmeras
Que acabam perenizando
Nas lembranças da saudade.
Quem dera voltasse o tempo...

Quem dera virasse inocência
Desses momentos vibráveis...
Fúteis entretenimentos
De um banco num jardim
Distante dos pensamentos,
Apenas atenuando, amenos...
 Mas é possível esquecer?

As feições frágeis do tempo
Relembrando apenas fatos,
Que vão mapeando o riso...
Quem dera fora a saudade
Inconseqüência de agora
Entre as poltronas vazias
E os suspiros das horas...




Lacrimações 8/3/14

Dedico à capacidade
Das mulheres de chorar

Pelo menos uma vez
Todos precisam chorar,
Seja de amor, desamor,
Que nunca seja de ódio.

O passado é um tesouro,
Não há moedas de ouro
Guardadas no velho baú,
Mas há Idéias não ditas,

Palavras que desconvires...
Uma miríade de soluções
Para o porvindouro, hoje.

Todos precisam chorar,
De amor ou desamor,
Pelo menos uma vez.




Livre arbítrio:

Que o mundo seja livre
Para pensar... Ou dispensar.
A crepitação dos troncos assusta
A ilusão dos homens, de servos
A patrões disso tudo... 
A desaparição dos sóis,
 o apagamento das estrelas,
O fumo das queimadas invertendo
 a luz dos dias em noites desvairadas...

A ilusão de ilesos se desmorona,
 Lesaram os homens frente
À devastação das fogueiras
Por semear a fome... Antes medo,
Depois o horror das misérias
Não programadas pelos projetos.

Apenas uma luz fará o medo
Tornar-se realidade, apaga-se
A luz natural dos astros
Eleva-se a luz artificial do fogo
Dizimando, além das matas,
A humana saturação dos ossos.
Que o mundo seja livre!
Para pensar... Ou dispensar.
O que a distância faz invisível...


                                            Pelo escuro do cenário ou
                                           Mesmo escuro na memória,
Distâncias indizíveis pelos
Que têm medo do tempo
E da imensidão dos mares
E dos íntimos desertos...

                                               Que apalpam sob passos
Para seguir palmo a palmo
Até onde a vista não alcance,
Na distância preestabelecida
Pelo interesse de descaber
No limite do arrefecimento.

Pelos escuros das mentes
Distância considerada frágil
Entre os desertos e os leões
De cada idéia e seus medos,
Que a faz irreconhecível
Ao toque sutil dos dedos.



Expiação


Uma mente trabalha
Nos mínimos detalhes,
Conhece a exatidão
Dos pensares...
Desfaz-se das rudezas,
Da aspereza de saber
Ignorar falácias...

Pelos escrúpulos
Esta mente, acionada
Pela razão de eximir-se,
Perfaz caminhos tortuosos
Na espera de chegar
Ao sentimento fugaz
De existir.





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