segunda-feira, 20 de maio de 2019





Mas o sonho feito realidade
Implora seu espaço
Nesta tarde refeita de barulhos
Do sonho que faça sonhador
De forma extrata e forte
Que a sorte que te espera,
Infelizmente, é a própria morte
De suas vontades,
Antes que seja tarde tua revolta,
Volta ao sonho que te reparte
Em tantas partes
E faça-se a vontade daquela idade,
Sem juízo, mas com tanta força
Que agora te parece imprecisa
No abandono à dor que guia os passos
Em volta do mesmo jogo do passado
Em tua forma extinta.




Um canto
Feito de misericórdias
Pousou ao lado da cabeceira
Ofertando rosas...
     





Penso que devemos merecer
Consideração dos desconsiderados,
Esses que esmolam o pão vencido
E a mão estendida em palma...





Babel

As pessoas não se entendem
Pela diversidade de idiomas?
Mas, dentro da mesma sala
Pessoas se desentendem...
Mesma língua... Afiada...
Memórias desvalidadas,
Posições sectárias...
A ordem das preferencias
Das necessidades básicas...
Um emaranhado desfiado
De fiações descascadas...
Essa torre de babel
É apenas adversidade
De ideias na língua abusada...
Às vezes a desigualdade
É o que se pensa igual!
Fatos irrefutáveis


A mão aos ventos altos...

Se abrires a mão ao vento
Perderá o que guardava nela.
Se jogares o sal ao mar
O sal voltará às suas origens.

Assim é a ordem das coisas,
Fatos irrefutáveis da vida...
Se fechares a mente ao novo
Sepultarás o sabido antes...

Assim é a ordem irrefutável
Das coisas nos fatos da vida.
Se deres vazão aos sonhos

Eles se tornarão realidade,
Palpáveis ao gesto largo
Da mão aos ventos altos...
     sergiodonadio



Descobri, há tempos,
Que o tempo anoitece
Sem me dar atentos...








É possível enxugar gelo?
Como Manoel de Barros conta
Do menino que carregava
Água na peneira... É possível.




Letreando

Quando a frase arremata
Bote ali umas reticências:
Acaba mas não termina...
E ela vira verso de poesia,

Igual o dia quando finda
Na espera desse novo dia...
O até logo ainda promete
A volta de quem não vinha

Abençoando a ideia fixa
De ser capaz se letreasse
Entre o choro e a euforia

Até a manhã que vindoura
O dia inda é o dia, estoura
Forrado dessas alegrias...


Amizades

É no escuro que
Minha sombra me abandona.
Onde estará neste momento,
Sombreando outros?







A beleza do mundo
É contemplar o tempo
Delineado os escuros
Nos claros obscuros...




Ind’hoje

Ind’hoje ruem charretes
Pela mente desocupada
Entre as valas da limeira
E a sede de triste Rosário,
Uma fileira de fatos ralos
Deixados à memória rasa.
Ind’hoje fixam lembranças
Enquanto na vida passam
Sonhos de desesperanças
Viradas pesadas derrotas
Por essa azáfama levada.
Ind’hoje cursam passadas
Das paridas maniveladas
Nas frias manhãs nevadas
Entre dedos maranhados
E fôlegos desencontrados,
Nas friagens madrugadas
Ind’hoje a dor se acorda
Ao medo das refilhadas...
Consumido

Em tempo ido
Passei por ingênuo
Julgando amorosamente
Cada sentido...
À flor do momento me neguei,
Sofrido por perdido força,
Talvez não tendo sentido
O mesmo que dissera,
Em certa altura do termo
Voltou-se contra o que havia
De possuído...
Quem sabe a noção do tempo
Seja o tempo ido
Na mesma proporção
Do tempo desinfluído...






Escrever, às vezes,
É falar sobre o que
Gostaria de esquecer...






Quando se juntam almas


Descobre-se que ninguém 
Cabe inteiro em outra,
É preciso ceder pedaços,
Do sorriso à lágrima...




Picadas

Eu, que domei as feras
Nascidas com o crescer
Sei vontades deixadas
Apodrecer entre larvas...

Eu, que furtei vontades
Das idades a conceber
Não sei se as apaguei
Ou se eu é que cansei...

Vivo a domar os erros
Entre acertos definidos
Ao senso amadurecido

As víboras amansaram
Meu querer e desquerer
Sem que as visse nisso...






Do quase quando
Até o quase nunca
Existe um vazio imenso...
Quase sempre.






O tempo passa,


E por passar me leva
De menino a crescido
De crescido a velho
Nessa mesma leva...




O silêncio das estátuas

O silêncio das estátuas
Atenua o das pessoas indecisas...
Seu sorriso de pedra,
Seus gestos desarticulados,
Cada momento que passa flui
Uma nova contenção de lava...
O silêncio dos indecisos
Copia o semblante das estátuas...
Suas lágrimas petrificadas
Encimam faces dormidas...
O silêncio das pessoas estátuas
É o fim de suas vidas...









Minerário

Até quando
Tremerão os cristais
Ao rombo das pedras
Soltas?
É uma noite de sustos
E arrebates...
Até quando
Surgirão novas trincas
Nas carcomidas
Paredes rotas?
Até quando
Pessoas terão de fugir
Ao colapso dos taludes
Nos rincões de Minas?
Desmoronam hoje
A fé e a esperança
Junto com barreiras
De terra e mentes,
Soltas...
sergiodonadio

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