quinta-feira, 13 de agosto de 2020

 

Pelo olho da agulha

 

Pelo olho da agulha

Tenta-se impor a linha fina

Da verdade aguda...

Mas é tanta teoria

Que te invade,

Os botões desgarrados

Fazem a costureira cega

Coser janelas gastas

Onde o ar fresco passe...

Pelo olho da agulha

Todas as linhas engrossam

E fazem-se ao fechamento

Do entender fardado,

E põe-se a viver passado

Que não importa

Quão escuro seja...

Desde que seja amestrado

Ao momento alargo

Deste remorso tardo...

 

Sombras

 

Julho em sombra,

Agosto ceifado, fumaça no ar,

A dor da perda dos chegados,

A espera pelo inesperado,

Pela colheita não semeada,

Da dor...

Cada último suspiro

Implora companheirismo,

Que se apresente e ore

Pelo que ficou...

 

sergiodonadio

 

 

 

 

Poema pouco

 

Com tal esforço

O poema rege-se

Ao estorvo...

Toda paz deriva

Deste momento tenso

Da espera pela aglutinação...

Lento... lento... forma-se

A silaba tônica

Dando à ideia o verso...

Ao inverso a versão

Do fato derivado do relato,

Daí o poema é pouco

Ante o enunciado....

 

 

 

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