terça-feira, 25 de agosto de 2020

 

O som da mágoa

 

É esta chuva batendo telhado

Como quem quer entrar

De soslaio na alma magoada...

Traz uma tristeza enferma,

Dessas que derrubam a paz

E faz regar os olhos d’agua...

O som da mágoa se supera

Entre as manhãs esquecidas

De serem madrugada...

 

 

 

                                       

 

 

 

 

No fio do tempo

 

No fio do tempo,

Passando pelas flores pálidas

E um covil de lobos astuciosos

Flagra o ontem, abandonado

Para suprir o sangue novo,

Necessário ao hoje pejado...

No fio do tempo a paz se ausenta

Nesta guerra de desvalores,

Quando tudo o que se faz

Tem seu preço aviltado...

Pelo bandido bem vestido,

Em seu começo... O menino,

Feito homem se expõe ao desejo

De ser herói, em sendo bandido,

Usurpando a fé alheia

Perscrutando o feito escondido,

Onde o fim é o recomeço...

Fatigados

 

Este ganha seu salário

Para deitar-se ao dia

E quase morre se

Lhe perguntam as horas,

O outro não comparece,

Mas ganha seu dia...

Deve estar-se onde o socorre

O pranto de uma viúva,

Posta à rua por enviuvar-se...

Aquele, que espia de longe,

Sabe-se imune e perverte

A ordem de inda ser bastardo

Entre os bem-nascidos

D’outra parte...

Tudo nos conformes,

Que a corte o diga

Cansada de justificar fadiga...

Estamos a caminho

 

Meus olhos pousam

Sobre pássaros andantes,

Estes que ciscam, à procura de ostras,

E se colorem delas, pescadores natos...

Estamos a caminho onde rinocerontes

Batem jacarés apartando filhotes

De impalas para o próximo rateio,

Se preparam para o inverno da fome,

Mesmo se não veio...

Estamos a caminho,

O humano quer chegar à marte

Mas não chega a si mesmo

Na fome do outro, na calçada,

Hoje mesmo morto de frio,

O velho, desistido de ser gente,

Não sonha marte ou sossego,

Com sem sentido ou sentimento...

Para que não te doa

 

A dor da parição, é preciso exorcizar

Os males passados e repor o presente,

Para que a força se faça presente

Em prol da ausência presumida...

Estes, que dizem estar aqui,

Mas estão longes seus pensares,

Para quem os sinos dobram

No meio da tarde enunciando

A força que chega e se aparte...

Para que não te doa o sangramento

Estanca a corrente que se parte

E faça-se a força de atar-se

A esta corda que se esgarça

Sem tua vontade em pensamento...

Aqui se fazem derrotados

Convencidos de tal verdade

Na mentira latente...

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