O som da mágoa
É esta chuva batendo
telhado
Como quem quer entrar
De soslaio na alma magoada...
Traz uma tristeza
enferma,
Dessas que derrubam a
paz
E faz regar os olhos
d’agua...
O som da mágoa se
supera
Entre as manhãs
esquecidas
De serem madrugada...
No fio do tempo
No fio do tempo,
Passando pelas flores pálidas
E um covil de lobos astuciosos
Flagra o ontem,
abandonado
Para suprir o sangue novo,
Necessário ao hoje pejado...
No fio do tempo a paz
se ausenta
Nesta guerra de
desvalores,
Quando tudo o que se
faz
Tem seu preço
aviltado...
Pelo bandido bem
vestido,
Em seu começo... O
menino,
Feito homem se expõe ao
desejo
De ser herói, em sendo
bandido,
Usurpando a fé alheia
Perscrutando o feito
escondido,
Onde o fim é o
recomeço...
Fatigados
Este ganha seu salário
Para deitar-se ao dia
E quase morre se
Lhe perguntam as horas,
O outro não comparece,
Mas ganha seu dia...
Deve estar-se onde o
socorre
O pranto de uma viúva,
Posta à rua por
enviuvar-se...
Aquele, que espia de
longe,
Sabe-se imune e perverte
A ordem de inda ser bastardo
Entre os bem-nascidos
D’outra parte...
Tudo nos conformes,
Que a corte o diga
Cansada de justificar
fadiga...
Estamos a caminho
Meus olhos pousam
Sobre pássaros
andantes,
Estes que ciscam, à
procura de ostras,
E se colorem delas, pescadores
natos...
Estamos a caminho onde
rinocerontes
Batem jacarés apartando
filhotes
De impalas para o próximo
rateio,
Se preparam para o
inverno da fome,
Mesmo se não veio...
Estamos a caminho,
O humano quer chegar à marte
Mas não chega a si
mesmo
Na fome do outro, na
calçada,
Hoje mesmo morto de
frio,
O velho, desistido de
ser gente,
Não sonha marte ou
sossego,
Com sem sentido ou
sentimento...
Para que não te doa
A dor da parição, é
preciso exorcizar
Os males passados e
repor o presente,
Para que a força se
faça presente
Em prol da ausência presumida...
Estes, que dizem estar
aqui,
Mas estão longes seus
pensares,
Para quem os sinos
dobram
No meio da tarde
enunciando
A força que chega e se
aparte...
Para que não te doa o
sangramento
Estanca a corrente que
se parte
E faça-se a força de
atar-se
A esta corda que se
esgarça
Sem tua vontade em
pensamento...
Aqui se fazem
derrotados
Convencidos de tal
verdade
Na mentira latente...
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