terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

 

Barro posto de volta ao barreiro

 

A alma não bate os pés,

Caminha silenciosamente,

Segregando estandartes

Que herdou de um corpo extinto...

Caminha deslizando

Sobre folhas trazidas pelo vento,

O mesmo que levou dedos

Deste corpo decomposto

Em argila...

Barro posto de volta ao barreiro,

A alma se foi primeiro,

Antes da inércia

E seu pesadelo...

 

 

Planejados

 

Se pudesse

Constar os progressos

De uma vida

Sem contabilizar dinheiros,

Propriedades físicas,

Mas as idas

Entre os primeiros passos

E a despedida...

 

 

 

 

 

 

 

Sequências

 

O vazio

Dentro do vazio

Dentro do vazio

Dentro do vazio

Dentro do vazio

Explode

!

 

 

 

 

 

 

 

 

Do fundamental

 

O abraço,

Como peça de conluio

Ao bom relacionamento,

Sem engulho...

O abraço

Dos amantes e desamantes,

Entre farpas e soluços...

O abraço

Começado numa lágrima,

De encanto ou de raiva,

Continuado em clima

Abençoado...

 

 

 

 

 

De mãos dadas

O abraço

E o desabraço

Entre feras do momento

De alguma raiva...

Tudo relevado ao tempo

Das jornadas,

Suspenso pelos tapas

Em mãos atadas...

O abraço

A curtir encontrados,

Desatados em nadas,

Diluídos fatos...

 

 

 

 

A fé remove montanhas.

Não porque as remova,

Mas porque faz com que

As aceite montanhas...

 

 

 

 

Barcos que atracam

Em todos os portos

Trazem nos porões

Servidores mortos...

 

 

 

Folhas em branco

 

Poemas podem ser

Insetos raros, pregados

Em folhas em branco,

Podem ser soldados

Defendendo pontos...

Em folhas em branco

Podem ser prostitutas

Contando suas lidas, ou

Apenas falta de assunto...

Mas serão sempre guiados

Por algum motivo

Em branco...

 

 

 

 

 

Nascituros chegam desavisados,

Vêm de um tempo sem fronteiras,

Das emoções d’outros lados...

 

 

 

 

Aqui nasceram meninos

Que se tornaram generais,

Que tempo bom este,

Em que nasciam generais...

 

 

 

 

Affaire

 

Dos amados, dos amantes,

Mesmo sendo itinerantes...

 

 

 

 

 

Nessa altura de meu tempo

Não sonho futuros, sonho o hoje

E os ontens abandonados...

 

 

 

 

 

Crescido

 

Quando me penso grande,

Maior que meu último

Conhecimento de mim,

(Pois me pareço a mim)

Ostentando velhos hábitos

Às novas dificuldades

De conviver comigo!

Quando me penso grande,

Me coloco sobre tetos de jardins,

Me transformo em poeta!

Me ergo sobre paletas,

Sabendo que não sou maior

Que minha pequenez...

 

 

Edição de domingo

 

Só boas notícias,

Espetáculos, crônicas, poesias,

Sem adição de desastres,

Bandidos, curras,

Saíram na sexta-feira

E tornarão na segunda...

Hoje é dia de macarronada,

Frango ao molho na panela,

A nostalgia do tempo

Da valia do encanto

Da andarela...

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