sábado, 3 de abril de 2021

 

Lembrando fatos de ouvir falar

 

Ainda hoje, olhando retratos,

Lembrei de meus avós,

Nicola e Elizabetta,

Lembrando fatos de ouvir falar:

Nicola, prensado por uma tora

De madeira esmagou-lhe o tórax,

Elizabetta arrastando bengalas

Até a varanda de casa

A ver passar charretes...

Fulano e Tereza,

Quase nada a memorizar,

Ásperos, sinceros, de outro tempo,

Deixados no esquecimento...

Não os conheci, de ouvir estórias

Os vejo saindo de retratos,

A conviver-me nos hojes...

Extremos de gerações,

Encontrando nos termos...

 

 

 

 

 

Lembrando fatos de ouvir falar

Volto ao tempo lúgubre migratório,

De corajosos ou amedrontados,

Chegados à nova terra,

Sem eira nem beira, como diziam,

A plantar sua semente

Em terra firme...

Aqui formando pares, proles,

Núcleos, poles, pocadinhos

De uma raça forte!

Lembrando fatos de ouvir falar

Da casa em que nasci...

Era grande, éramos treze!

Quintal plantado de ervas,

Coalhado de galinhas poedeiras,

Visitado por comadres...

Cercado por balaústres...

Contados por persistência...

Sem saudade.

 

 

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