quinta-feira, 6 de maio de 2021

 

 

 

 

Adeuses coloridos

 

Sim, os adeuses são coloridos

Na imaginação de quem parte,

Com flores, cartões, alardes...

Olvidando celulares este palco

Gera situações de saudades...

Póstumas, remotas, alhures

De vaidades caídas em tules...

Outras necessidades da vida

De em parte repartidas

Por herança ou por dívida,

Até por dúvidas das idas...

Momentos e mementos

Com nova cor preferida...

 

 

 

 

No fundo do balaio

Por dentro do colchão

Na boca deste cofre

Entre sete sete chaves

Sob a cola sob o lacre

O registro desta caixa

O segredo desta porta

A campainha do alarme

Guardam a merenda

Da escola na sacola.

O silêncio desta mala

Na língua deste vírus

Da espera na miséria

No fosso desta fossa

Sob o musgo deste limo

A perfídia desta lábia

Não cobrem o engano

Do malogro no seu bojo

Sobre cifras, sobre restos,

Sobre vistos, sobre nesgas

Sobre cargas de jumentos,

Sobre vestes, fingimentos.

No fundo deste bueiro

Contra cantos de suborno,

Contra lobos, contra sensos

Baixos de capachos

Vestem togas salpicadas...

(mario chamie)

 

 

 

 

 

 

 

Urgências

 

É urgente

A demissão do passado,

Passado da hora

De ir-se embora...

A demissão do passado

Sem gosto de desforra,

Apenas o fato inefável

De que é chegada a hora

De esquecer o outrora,

O chão pisado, barro d’agora...

A demissão do passado

Se faz real bora fora...

 

 

 

 

Aterradores

 

Seria preciso mais

Que o silêncio aterrador

Para assustar meu dia...

Já tenho por perdido

O senso da razão deste dia

Mas continuo pressionando

O tempo para seguir tentando...

Pensar é preciso,

Viver nem tanto,

Apenas o suficiente

Para chegar ao próximo dia,

Mais aterrador ainda...

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