sábado, 15 de maio de 2021

 

Do leite derramado

 

Dá-se ao leite derramado

A voz da mãe de todos...

Urge campear o sorgo,

Tirar dele o chá do tempo

Irresoluto, efêmero...

Puxar o pito tantas vezes,

Grunhir a fim seu relento,

Cortar as vísceras

Ao seu poder de tempo

E temporizar o azedo

Vindo deste leite

Deixado ao sol poeirento

E descer às barbas do mero

Descobridor de intentos,

Invasor de saudades idas

A sobreviver das lidas...

Notícias fúteis

 

Estou a ver todas as janelas

Me verem deste edifício em frente,

Parece que criticam meu olhar

Fixo em seus batentes...

Que me repreendem em espia-las,

Quebra a intimidade conservada

De pessoas e sons, e anáguas...

Quando despem de seus casacos

Vindos do frio de lá fora...

Querem me olhar enviesado

Como a perscrutar o que penso

Quando nem penso nada

Sobre seus passados no presente

Datado como hoje...

 

 

A cor assustada

 

A cor assustada

Desses tempos de nuvens esparsas

Vindas das madrugadas,

Trazendo espectros de novos tons...

A cor assustada

Desses olhos, que eram verdes,

Deixados de ser

Pelas circunstâncias dos dias...

Que força tem esta desalegria

Do novo? Que força demonstra

Ter ilusoriamente este fosco

Na formação assustadora do novo?

Este anuvio de incolores sóis

De manhãs soturnas, que nos leva

A temer novas sombras....

sergiodonadio

No passamento

 

A alma está ferida

De flechadas distraídas,

Outras mal direcionadas,

Todas a formar feridas

Na alma desencarnada...

Quantas foram as vidas

Levadas até aqui?

Algumas desencontradas

Entre este ir e vir

Acumuladas de paridas...

No passamento

O descanso do corpo

Pode ser suplício da alma,

Necessário ao aprendizado

Da razão de ser

Sensitivamente vida!

Com fé na esperança

 

Com fé na esperança

Não nos desesperemos!

Sempre haverá um dia límpido

Entre nevoados em nossas mentes,

Um caminho florido

(Mesmo que não)

À frente dos passos necessários...

Uma verdade contida na nesga

De cada palavra em louvor

Das esperas desesperadas...

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim somos pranteados com a fé

(Mesmo que incautos) nos outros,

Que nos fazem promessas

(Mesmo que inalcançáveis)

Os sonhos que sonhamos acordados

(De acordo com nossos ideais)

Com a fé na esperança

Caminhemos rumo ao passado

Passado a limpo entre pendores

Deixados vazar...

 

 

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