segunda-feira, 5 de novembro de 2018


                                                             O estilo é o homem
“O estilo é o homem” segundo o Conde de Buffon, frase proferida há mais de 200 anos, continua validada pelas atuações recentes. Em 1989, na primeira eleição direta após o regime militar a disputa foi acirrada, mas acomodou-se no tempo posterior. Em 2010 a polarização nos ofertou uma renhida disputa de achincalho, que parecia repetir a emoção daquele ano pós-militarismo, mas excedeu-se na baixaria. De lá pra cá a ofensão das declarações piorou bastante, o que parecia improvável, mas se tornou verdadeira luta sem regras tácitas. Neste ano o que era ruim piorou, onde o partidismo baixou o nível a tal tema, que velhas amizades se inimizaram a ponto de romper o laço vulnerável de toda relação humana. A carga de impropérios do radicalismo bilateral afetou a percepção de diferenciar propostas reais das incumpríveis, sonhadas, esperadas ouvir sabendo-as anuladas pela própria incoerência, mas acreditadas pela cegueira da idolatrada voz corrente.
A tese “o estilo é o homem” floresceu de vez nesta eleição, contrastando dois extremos que ganharam força firmados nessa teoria, o centro foi deixado de lado num primeiro turno barulhento e pouco esclarecedor de planejamentos governamentais, tomando lugar no segundo turno o radicalismo provocador de ambos os lados, ainda sem projetos confiáveis. É pena que no filtro sobrou isso: Opções entre radicais, incoerentemente aplaudidas pelo eleitorado. Afunda-se aí a esperança de soluções reais de nossos problemas, enquanto cidadãos sujeitos à penúria de meios e a abundância de receios, visto que os dois contendores miraram na insolvência, em vez de na proposição de solução para as desesperadas urgências sob a obrigação estatal, ou seja, nenhum dos dois mostrou plano exequível para a precariedade de nossa saúde, nossa infraestrutura, nossa educação formal, nosso desemprego endêmico, nossa insegurança, nossas diferenças sociais, mais que raciais, entre todas as urgências de um país que foi potência e agora é mendicante de atenção às suas prioridades.  
Voltando ao estilo ser o homem, o que sobrou estilada é uma precária junção de bafos e abafos, coordenada por insultos, mentiras, eufemisticamente glamorizadas fake News, que, de novo não têm nada, autoflagelações impensadas há um tempo, a confundir o eleitorado, amedrontado pela penúria atual e a futura prometida.
Pois bem, terminado pleito, valham-nos os santos protetores! Que o estilo prometido ser o homem não exagere na sua presunção de poder, alienado da obrigação de ser, palpável ao abraço, o governante com olhos voltados para os 200 milhões de cabeças pensantes, sim, esperançosas, apesar de...

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