quinta-feira, 22 de novembro de 2018


O silêncio de Deus

No dia da consciência...
(negra, branca, amarelecida)
Ouço algumas vozes, de pastoreios,
Dizendo-se emissários de um deus.
Ouço a cantoria das beatas,
O despreparo ao ignoto,
O ateísmo dos descrentes...
Mas não ouço a resposta de Deus
Com a força que querem uns,
Aos outros a derrota.
Cremos todos em um deus,
Cada um a seu modo,
Dos senhores das almas
Aos senhores dos ouros...
Ouço os materialistas discordarem,
Sem explicativa ou alternativa
Para os fatos de cada tempo,



Chamados milagres... Ou malfeitos.
Mas não ouço a resposta de Deus,
Nem aos bem-feitos!
Benfeitores os há,
Tanto ou mais que malfeitores,
Mas falhos, por feitores.
A resposta não é pela palavra
Que vem dos homens,
Que chama à razão e nos consome.
Ouço a gritaria pelos templos,
Não mais sacrificando cordeiros,
Mas intimidando almas de fracos,
Que cederam ao ferro posto
Na palavra que sangra cada alma,
Tanto ou mais que a chibata.





Mas não ouço a resposta de Deus
A esta escravização franca,
Sem algemas, desconscienciosa,
Açoitada pela miserabilidade imposta
Pelas desigualdades,
Legalizadas por estas amarras,
Impostas à favelização forçada ao fraco,
Doentivadas de sem revolta!
Pode ser justo crianças nos esgotos?
Pode ser justo plantar e não colher?
Mas não ouço a resposta de Deus
Na massificação das fomes,
Por comida, saúde ou cultura...
Na fé dos incautos.






Talvez eu esteja surdo.
Tu vês os meninos famintos?
As mães desesperadas?
Os pais desocupados?
Com suas mentes
Ocupadas pelos predadores?
Eu vejo e ouço!
Invejo tua boa visão
E audição à inaudível palavra
De Deus!

Sergio.donadio@yahoo.com.br

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