domingo, 27 de janeiro de 2019


Corpo a corpo

Corpo é carne.
Revestido da aura
De um ser que vive,
Torna-se movimento,
Sentimento, plasma?
Pense-me assim,
Um ser revestido
de sentimentos.
Penso-te assim,
Inspirando cada memento...
Como um anjo, talvez?
Sabe este corpo ser,
Ser!
Como um cão ou uma flor,
A pedra alumiada
No fundo da água corrente...
A nuvem, de passagem...
Ou personificado
Em gente!




Corpo é cerne.
Seja árvore ou abelha,
Penso tendo suas almas,
Em ladeira...
Corpo é invólucro,
Respira em cada pinheiro
À lua de cada maré
Que estua...
Seria profundamente aético
Pensar em corpo, humano,
Este inseto
Precursor da leva de tantos outros,
Apenas mais queredor
De estar certo, incerto,
Devedor de todos os progressos
Que inspiram e aspiram
Sob o mesmo teto
Deste azul profundo...
Eclético.


Cara a cara

Vês,
Em teu espelho
Um passado
Em que não eras?
Veio
A perturbar tua paz
De inocente
Frente às bravatas
Do que tiveres feito...
Vês o que o tempo fez-te?
Feio,
De cara a cara
Com teu presente,
Não assim tão risonho
Com em sonho...
Cara a cara
Confundes o que pensavas
De ti...
Em outra penteadeira,
A que te agrada,
E mente.
Nosso mel

Em nossos favos existe este mel
Sugado de mil flores
De um corpo aberto ao gozo...









O sussurro da palavra

Ao invés de um grito,
Alerta para a última
Ordem obedecida...




Cruzeiros...

Estamos em pleno mar...
Calmarias, ventanias,
Alertas para essa viagem,
Só de idas...








Das utopias

“Não verás nenhum país como este”
Exageradamente conquistado
Por escusos interesses...






O fato não diz a que veio
Nem como interveio.
O fato fataliza.










Numa ação das mãos
Sem assentimento da cabeça
O ser humano fendeu-se
À guerra contra si...




Nos bancos da praça

O ser que vive
No tempo trabalho
Talvez não conheça
O tempo ócio...
A ociosidade merecida
Inverte a vadiagem,
Imerecida,
No suave entardecer
Da vida.














No escuro do quarto
Até o espelho
Confunde as verdades...









Às vezes se diz:
“Isso não é do meu tempo”
Mas quase sempre entender
Não é questão de tempo...





Objetivações

Todos temos objetivos,
Sejam claros ou escusos...
Sejam viagens ou silêncios.
Às vezes são passados
Remanejando projetos
Para repetição do mesmo...
O tempo responderá
Às agruras e festejos
Projetados sempre
“Desobjetivamente”
Desde fantasmagórico
A inexistente...











Por onde anda o amor,
Que não comparece
Nas conversas desse amante
Internético?










Eu sei que você sabe
E você sabe que eu sei.
Então, não há subterfúgios,
A sinceridade, talvez?



O caminho é sempre estreito

O embaço no vapor do chuveiro
Muda a fisionomia no espelho...
O que se penteia se desencontra
Com sua imagem e sua idolatria.

Arde a espera, pela ansiedade,
De ver-se em sua transparência
Entre vapores sua atual essência,
A que forma seus risos em rugas.

A espera por esse tempo, vencido,
Onde o caminho sempre estreito
Entre os sonhados e o agora feito.

Desses sonhos do ervilhal passado
E a atual forma frágil de abatido,
Qual força poderia livra-lo disso?




Cargas

O animal, quando domesticado,
Amansado em sua rebeldia,
Não é mais o mesmo que um dia
Correu sua liberdade...

Cede ao pau que lhe prenha a vida.
Esses cavalos selados a cavalgadura
A puxar pesada carga carroçada
À espera de seus senhores, algozes,

Até que se ponha o sol no horizonte
Sem feno ou água ou sombra...
Que covardia essa do senhor irado

Pela excrecência de sentir-se dono
Do que cedeu à sua mão pesada
E se fez fraco frente a sua sombra.

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