segunda-feira, 22 de julho de 2019


Um povo gente

Neste momento
Sinto saudade da saudade
Que já não retenho...
Foram tempos
Tristemente alegres
Aqueles que
Vagamente relembro
E que me renegam.
Talvez um dia inda possa
Sorver essa mágoa
De não sentir saudade
Da lida amarga que vivera
Entre matas e planuras
E um povo chamado gente.







Recendência

O tempo passa...
Por passar recende
O vigor d’outros tempos,
Deixados mofar
Neste hoje preguiçoso,
Dolente,
Em que falta vontade
Para suprir a inhaca
Que rege o repente...












Macilenta

No tacho
A rapadura ferve,
Ainda cana,
Já melado,
Ainda insana
Macilência
Da seca braba...
Do tacho
O fogo espraiado,
Vitória da fome
Lúdica
Desse quadrado...









Tropeções

O passado
É o passo dado,
Tropeçado,
Embolado,
Costurado
Nas cicatrizes...
Doído?
Mas, passado...
Passado a limpo
Não foi mal vivido,
Mas não planejado...
O próximo passo
Será menos doído
Se cuidado...







Andarilha

Veste-se andarilha
Para tentar-se pura,
Pura maldade implícita
No seu ato de malícia...
Molha-se
De suores e gozos
E espera o parceiro certo,
Alto, forte, porém dengoso.
Veste-se princesa
Para esse engodo...











Pão e leite e sorrisos

Saímos pela manhã
À procura de sentimentos...
São momentos assim
Que valem o dia...
Fremem em nós a alegria,
De poder sorrir sem choro
E amar sem armamento...
À procura de sentimentos
Saímos à brisa da manhã
E nos encontramos com
Luzes a se apagar nos postes
Cedendo razões ao sol
Em seu momento,
E nos deparamos na várzea
Entre mendigos e ricaços,
Nesse meio cansaço e euforia...
Não temos grana mas matamos
Fome na simplicíssima ração
De pão e leite e sorrisos...




O que sabe ganhar o vintém
Pode perder-se quando, depois,
Vê que o valor da vida se esvazia
Ao preço monetário que tem...







Se a vida fosse extensa espera
Que outros se prometem um dia,
O que seria desta hoje fera
Se o amanhã é lida tardia?






Pão e leite e sorrisos

Saímos à brisa da manhã,
Nos encontramos com
Luzes a se apagar nos postes
Cedendo razões ao sol
Em seu momento.
Fremem em nós a alegria
De poder sorrir sem choro
E amar sem armamento,
São momentos assim
Que valem o dia...
À procura de sentimentos
Nos deparamos na várzea
Com mendigos e ricaços,
Nesse meio cansaço e euforia...
Não temos grana mas alegria,
Matamos a fome
Na simplicíssima ração
De pão e leite e sorrisos...
Nossa utopia.
sergiodonadio

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