quarta-feira, 27 de novembro de 2019



A duras penas

Bate-se a cabeça na parede
Neste escuro da intenção cega,
Restrita ao Caminho adverso
Estreito... O pré-julgado reto

Se modifica à razoabilidade,
Mas a calosidade da trombada
Faz lembrar a sensação da dor
E a dor faz a opinião a seu sabor...

Assim, todos que cegaram antes,
Agora aprendidos, voltam atrás,
Dando sentido à imaginada

Condição de tendo-se condoídos
Voltarem os olhos para o antes,
A perscrutar o não vivido...
Diferenças

O que soa
E o que sua,
Um é pino,
Outro é pua...





Lentamente surpresos
Descobrimos aos pois,
Que o melhor da vida
É o esperado vir depois...






Cismando os meus momentos
Percebo o quanto deixei de viver
Nos dias escuros da memória
Difícil de desvanecer...





A palavra na poesia
É a verdade...
Quase verdadeira.







Quantas vezes serás olhado de soslaio
Pela visão podre dos pseudoarcaísmos
De senhores revisores de textos...
Casuísmo inflado de seus pretextos?





Que torçam
Seus focinhos
Esses consertadores
Conservadores...






Como cada objeto
Requer um conserto,
Cada opinião
Conserta-se ao jeito...





O dia hoje parece amarelado
Num tom insonso de sopa fria,
Talvez não devesse ter vindo
Não fosse a precisão do dia...




Deveres

Todas as guerras
Se somam às guerrilhas,
Até as pessoais, de famílias...
Os entreveros atravessam muros
Pois os muros são transponíveis
Pelo ódio, deve-se pensar nisso:
deve-se odiar o ódio entremeio?
Deve-se desestruturar os meios?
Acima dessa raiva há que amar
E sorrir à lágrima a ordem final,
Deve-se amar o próximo distante
Antes e depois do atual...







De que vale
A direção seguida?
Contraria
O bom viver a vida?
Somos todos animais
Políticos!
Uns acerbados,
Outros pacíficos...
Direita? Esquerda?
E depois disso?
A cada mão dada,
Uma mão recolhida,
Assim se fez a história,
Tão pouco vivida...



Passos

Por muitos passos
Pisando o trecho marcado areia,
Fundeando o barro
Pisa inda forte este andarilho
Que desce os vales,
Que sobe os montes,
Que sabe, sempre, o rumo norte.
Por muitos passos
Vazou as cercas, tomou das águas
Seu gole curto à pressa esvaída...
Que sabe tanto, que nada sabe,
Pois não se amarra à cerca viva,
Que cerca e amarra cada saída...
É bom amante e sempre sabe
Ao bom conselho dado rasteiro...




Por certos rumos parte ousado
E inda nem sabe seus limites
E pensa sofrer todos os males
Da saudade à taquicardia...
Por certos males pisa o trecho
E reconhece o valor da vivência
A carregar sua demência
E socorrer-se no dia a dia
Por certa glória feito magia...
Pisa inda forte esse andarilho
Que sabe sempre seu rumo norte
E parte, ao pôr de cada dia,
Fugindo da ilusão da morte
Que corre e mata o dia a dia...
sergiodonadio


Manhãs previsíveis

Hoje quereria
Ir para o meu passado
De presumíveis manhãs,
Mala feita, sonhos inteiros,
Chás de arruda e hortelãs...
Caminhar vários caminhos
A procura do mel dos dias,
Poder tocar os impossíveis
Sonhos plausíveis...
Poder chegar ao improvável
Ideal da candura estável
De passear entre meus sonhos,
Escolher os acontecidos,
A caldear os desencantos
De os ter vivido...
Quero ir para o meu passado
Como quem veio desprevenido...

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