terça-feira, 17 de dezembro de 2019


Medianas

Precisamos de mais poesias
Com menos regras...
De Poetas marginalizados,
De palavras desregradas...
Poetas que contem suas agruras
Sem frescura...
De varredores que falem da varrição,
De prostitutas falando de prostituição
Com a sinceridade da dor
E das penúrias... D’onde a condição
Não seja fiandeira, mas estrutural,
A estruturar o medo de ser banal,
De estar colhendo palavras e ser flagrado
Com suas calosidades e suores verdadeiros...
É, precisamos de ramalhetes de papel,
Sem espinhos a nos espinhar na leitura,
Poetas a contar suas mágoas
Com suas lágrimas, sorrindo,
Como flores se abrindo...
sergiodonadio
Dessa pega
Pega,
Larga, solta,
Amarra...
Nada pode dizer o caminho,
Oras,
Senão a própria iniquidade
A esperar resultados
Escusos...















Quando custa
Uma consciência?
A inconsciência é vária,
Diversa e rasa....




Todos sabiam
O caminho certo?
Então por que se desviam
Do andar correto?





O ser que me acompanha

O ser que me acompanha
Tem suas manhas...
Você, que não existe,
Fiz por cria-lo de olhos mudos,
Ouvidos moucos a estes alaridos...
Você, que se esbalda no que crio,
Que faz parte deste crivo,
E me encolhe ao menor ruído,
Tem o medo à infantilidade,
Como a um bicho escondido
Em minhas partes,
Mas sabe bem desviar-se...
Você, premido pelo frêmito
De haver-se enganado
Ao ser que sou neste emaranhado...
Você, que me vive
E ordena que eu viva,
Obrigado!


Preconceitos
Você, que olha de soslaio,
Ainda acredita no amor?
Mesmo que não verdadeiro?
-Sim, porque há muitos,
E alguns não são verdadeiros,
-São mais um respeito
Pela presença de outro
Ou pela ausência de alguém,
Absorto no que a que veio,
Ou foi-se...






Parelhas
Emparelham
Bois de engenho
E burros de carga,
Soldados em novos tempos...
Desemparelham meninos,
Soltos à própria vontade tendem
A irem-se atropeladamente,
Cada um a seu jugo,
Embora desamarrados,
A jugarem-se a manadas
Obedecendo certos preceitos,
Roupas soltas, pelos pintados,
Agasalhos amarrados às cinturas,
Como cintos desajeitados...
Todos com as mesmas poses
Desemparelhadas...
Emparelhem-nos a lenir
Suas aparências febris
A escalda-los, e terão daí
Novos soldados, extraviados
Aos novos tempos...
Rebuscamentos

Estava tudo muito quieto,
Abrimos a porta aos ventos,
Folhas mortas e ideias tortas
Adentram... 







Daqui a pouco
Batem as horas,
Tempo de ficar rouco
Ou ir embora...



Suor e lágrimas

Todas as palavras são roubadas
De algum trecho de suor e lágrimas
Quando os meninos sonham alto
E têm de começar por baixo...
Do que temos medo?
A partir de logo cedo nos quedamos
Ante as dificuldades de respirar
O puro ar da infância despreocupada...
Então, do que tens medo?
Das pequenas coisas
Diariamente ameaçadoras,
Dos segredos? Dos degredos...
Todas as palavras, Bukowski,
Todas as palavras...
Somam-se aos silêncios e agridem
Os pensares abandonados...
Intensos...



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