quinta-feira, 5 de março de 2020


Quando as palavras se sabem

Quando palavras se sabem
Sobre esta folha em branco
Tão-só as ordeno em versos,
Logo não são meus versos,

Palavras que se oferecem
Ao sacrifício da senescência
Sob o manto da imaginação,
Aí somos parceiros mornos,

Elas fortes, eu em fraquezas,
Perambulamos por alameda
Pois nos sentimos parceiros...

Talvez de tudo, ou de nadas,
Neste momento de solve-las
Dentre azáfamas estreitas.





Enxerto

Talvez não caiba em mim
Viver essa outra vida,
Sou o que me fiz
Sem tempo para guarida...
Entretêm-me em vasculhar-me,
A conhecer-me intimamente,
Sei-me assim plantada semente,
Sei-me fruto desse passado presente.
O tempo é inexorável
Faz-te pensar-se novo sempre.
Talvez não caiba em mim
Esta semente...










Treinagem

Treinei-me
Para ser utilitário
Num mundo
Feito de utilidades,
Onde cada profissional
Professa o que bem sabe,
Aprendi a fazer
Coisas descartáveis,
Assim fiz-me poeta,
Sou mais nada
Do que pensara ser
Por ter sonhado
Entre projetos novos,
Ultrapassados...

Nenhum comentário:

Postar um comentário