Eu preciso de um adeus
Não e de um até logo,
Amanhã, talvez,
encontremos
A saliência entre
nós...
Mas já não é sem tempo
De ascender ao limite
E constatar a vigência
De um adeus definitivo
Entre seres que se
apreciam
Mas que não se
encontram
No mesmo patamar
De loucura...
A claridade do tempo
A claridade deste tempo
Atrai moscas e baratas
e pejos
Neste sol miúdo desde
cedo
Mugindo ao florescer de
cactos
Na poeira dos suores em
tédio...
A claridade deste tempo
Traz esta preguiça
reboleira
Para as manhãs difíceis
De sonhar placebos...
Que remédio, cara
minha,
Sarará as queixas desde
dia
Em meio, se até o sol
espreguiça
Logo cedo?
As cores do tempo
A cor que o tempo
vivido colore
Entre dores vivas e
viúvas mortas
Que o opaco tempo
explore...
O tempo de vivências
remotas
Traz, no seu bojo, uma
lista
De cores mudas na muda
do tempo...
Ao som das cores
inertes,
Deixadas sorrir aos lírios
brancos
E às rosas amarelas
envergonhadas.
As cores do tempo
fulgem
Ao toque de olhares plausíveis...
Quem pode discernir,
Senão a própria luz,
Que colore o tempo
Que nos seduz?
sergiodonadio
Os sentimentos
Têm mais sentidos?
Tenhamos a paz de
Não os saberes vivos...
Gestos se desculpam
Mais que palavras...
A casa triste
Quem pode me julgar
Pelo que não fiz,
Se feito está, e
machuca?
Quem pode perdurar
À força bruta?
Assim,
Seria melhor esquecer
Cada labuta
Se trouxe mais tristeza
A cada luta...
Gemidos
Todos os cais gemem
À dor dos refugiados...
Seja em 1888 com os
europeus,
Seja logo após com os asiáticos,
Seja hoje com
haitianos, foragidos
Da fome em seus lares
de origem...
À chegada dos famintos,
Meus avós, inda
adolescentes,
Comeram cascas de
frutas
Para minimizar o
desespero
Da fome em fim de
feiras...
Todos os cais gemem sem
revolta
A dor dos chegados de África
Em séculos passados, ou
agora,
Quando as fomes gemem
Nos cais das gaivotas,
Que não se importam...
Ah, se soubesse, em
menino,
O que sei agora,
Este canto vespertino
Me seria aurora...
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