sábado, 9 de agosto de 2014



Meu pai, sempre o cara bom.
Foi, mas não se deixou levar.
Um dia, inda cedo na sua vida,
Contraiu esta moléstia ferina,
Que o levou tempos depois...

A sua coragem em enfrentar
As desavenças da mala-sorte
Faria suspirar a última vez
Dizendo: tô gelado sim, filha,
Mas não tem importância.

Frente ao desespero da filha,
Que a morte é parte do viver,
A parte mais lógica, explicita
Talvez a mais merecida... Ou
Não, mas a parte mais certa.

Nas incertezas de caminhar
Ele dizia e provou que, enfim,
Chegada sua hora, a coragem
Do homem acima do medo
Do macho raçudo de antes...







Este foi o pai que convivi,
Sem abraços e beijos, mas
De um amor rude e sincero,
Nas viagens, nas roçadas,
Nos portões dos sítios, que

Faríamos juntos, eu criança
Ele adulto, paciente quando
Saí do exame para exército
Estava esperando para dizer:
Tudo bem? Como a saber,

Conformando revide muda,
Não precisava de palavras.
Este meu pai, me domou
Fez-me pai também, antes
Orientou-me filho a viver,

Que me respeitou pessoa
A conviver a extrema hora
Como iguais, de mesma fé
Este meu pai, um cara bom,
A erigir um lar de sua casa.



nostalgia
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Meu pai nasceu em Anápolis.
Mas Anápolis não existe mais.
Meu avô veio de Itália,
Mas Itália está muito longe...
Por isso só vejo poeira
No que ficou para trás
E que o tempo encobriu
Com suas vidas recentes
Que vêm me abraçar.
Meu filho dirá de mim
O que digo de meu pai?
Sei não, meu filho é outro filho,
Não é o filho que fui
Como não lhe sou meu pai.
Anápolis desapareceu,
Do pai só tenho foto,
De mim só tenho eu.









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