Maliciosamente
Os
olhos entregam
A
malícia de adivinhar
O que
se esconde
Atrás
das vestimentas...
Distraidamente
Os
olhos se entregam
A perscrutar
as evidências
Que
desconvencias
Com
seus gestos sutis...
É,
maliciosamente
Os
olhos percorrem
O
proibido às mãos
Salientes...
Indigências
O
reflexo
Desta
lua cheia
Sobre o
lago
Faz a
água
Querer-se
lua...
Vivo
carreando os nadas
do que
é feito tudo...
Grito
ao teu passo mal dado
Ou fico
mudo?
Idílios
Viajamos
os espaços
Tempo
de nossas vidas...
Únicas
nos tropeços nas pedras
Soltas
pelos descaminhos.
Nos
fizemos fortes,
De mãos
dadas nos torvelinhos
Enfrentados
pelos caminhos
Consequentes
de nossos atos.
Desatados
nós idílicos idílios,
Feito
caracóis dos ventos
Remoinhados
vínicos...
Somamos
nossos feitos
Aos
deles, demos nosso jeito
Aos
rejeitos advindos
Das
intentadas forças...
Cruzamos
juntos
Os
cabos tormentosos
Tornando-os
de esperança,
Trança
por trança...
Em ti
começaria de novo
Ao
tempo de criança.
Mechadas
Eu
queria esta senhora
De cansadas
mãos postas
A
receber a dádiva esperada,
Não
apenas a promessa a cumprir-se
Mas a
que nem foi dada a exigir-se!
Eu queria
desta senhora
As mãos
espalmadas
Na
alegria de rever seus dias idos
E
novamente sorrir à dor levada
E
chorar a alegria de servi-los...
Eu
queria que esta senhora
Tivesse
mãos para suprir as faltas
Desses
meninos que se foram cedo
Às armadilhas
armadas
Desse
tempo lírico de mechadas...
Eu
queria chorar por esta senhora
Que
sozinha costura suas dores
E
rui-se do que foi uma vida
Entre
tantos açoites.
Fases
Aqui, sentado
Nesta cadeira,
No meio da noite
Esperada estar pronto,
Me trafego ao meu íntimo,
Passageiro de tantos sonhos,
Desistidor de tantas batalhas,
Despertado para a realidade
De que o tempo me apressa,
Me abraça, me aperta contra...
Dias e dias sentado
Nesta cadeira, nas noites idas
Entre sonhos e desistências
E o sentimento de partidas...
Coalescentes
Coalescido
Te
procuro agora,
Visto
que passamos
Do riso
à glória
De ter
sobrevivido
Sem ter
ido embora...
Seremos
coagidos
A
percorrer o mesmo trecho
Vencido
antes?
Hoje,
dado por vencido,
Perscrutando
sentimentos
E
sentidos
Na vã
promessa de ir
Sem ter
vivido
Àquela
nostalgia...
Tempos
que se foram,
Outros
veem chegando
Entre
floradas e invernos
Duros
de nos dizer perenes
Peremptoriamente
A que
temos obedecido.
Entrementes
Não é
que eu
Não
queira discutir
Tristezas...
É que
já suporto
As
minhas
Dolorosamente.
Passemos
então
Às boas
recordações,
Aos
bons fluidos,
À
singeleza do cantar
De
minha neta,
Por
exemplo,
Sempre
presente...
As
teorias de meu neto,
Hoje
ausente...
As
peripécias do dia,
Entrementes...
Nós
estamos
A
colher o que plantamos...
Esta florada
dispendiosa,
Cara
aos nossos valores
Desprezados,
apreendidos
No
pós-guerra e aperfeiçoados
Nas
miragens de novos tempos...
Que não
vieram.
São
guerreiros em tempos de paz!
Somos
cobaias
Aos
novos experimentos
Que
plantamos
Esperando
serem melhores
Que
nós... E desabamos.
Como tu
Como
tu,
Por
onde andei
Deixei
pegadas, umas furtivas,
Outras
atrevidamente frágeis...
Mas
sempre escancaradas
Ao
passo que tive, andado,
Como
quem surrupiou
O outro
lado.
Como
tu,
Por
onde não andei
Também
deixei pegadas
De
minhas vontades
De ir,
não indo...
Paralisado
pelos medos
Das
madrugadas...
Como tu.
Ousadias
Ouso
pensar
Que
acordo em pranto
Que me
parece acalanto...
Ouso
querer
Que
tudo pareça novo
De
novo,
Mesmo
em não o sendo
Entre
as dores de hoje
E a
audácia de ontem...
Ouso
correr
Atrás
dessas ficanças
Daqueles
trechos íngremes
De não
voltar...
Ouso...
Que
ousar me cabe
Em
sonhos que arruais
A esta
distância.
Veteranos
Estamos
costurando as horas
Nessa
colcha de retalhos,
Peça
por peça com seus bordados...
Parece
que nos detivemos
Em
algum lugar no tempo...
Onde um
idoso encontra a morte?
Num
passeio a beira do rio?
Numa
cama acolchoada?
Numa
rua em dia de frio?
Um
idoso está a esperar o momento...
Disciplinadamente.
O jovem
não tem este discernimento,
Procura
a morte entre colisões
E
assaltos à razão...
Pena
vê-los com suas próteses
Ganhadas
na própria demolição
A cada
esquina, fumando sua vida
Em decomposição.
Você pode
quebrar
Os
retratos na tua parede,
A
memória dos momentos
Contidos
neles, não...
Por que
dói tanto
O verso
demovido?
Porque
os versos
Esfaqueiam
motivos.
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