sexta-feira, 12 de outubro de 2018


    Nossas espadas de pau
Estamos discutindo as idolatrias desse século XXI como exageradamente simbólicas. Como as cores das bandeiras dos partidos e das mentes partidárias. Com o pensamento voltado para os legisladores que foram destronados nessa última eleição, e sua consequente troca de deveres e haveres, frente às culpabilidades ou não, em processos emperrados nos foros privilegiados, e que deixam de sê-lo, e se assustam pela realidade momentânea. Pois bem, para começar o raciocínio sobre o assunto, voltemos a Roma antiga e suas simbologias, naquele tempo os soldados eram endeusados, quase quanto os políticos curraleiros de hoje, também formavam seus currais e na baixa de suas ações guerreiras eram agraciados com espadas de madeira, em troca de suas espadas de aço, usadas nas batalhas, como símbolos da força. Parece-lhes um absurdo a troca de espadas de aço por espadas de pau? Pois bem, mal comparando, as trocas de hoje vão de barganhas de ideias por papel moeda, os cargos ministeriais aos perdedores das eleições, as espadas de pau da atualidade, à troca de elogios por ofensas, comumente execrados pelos votantes, agraciados com símbolos de poder, como prêmios consoladores. Nossas espadas de pau são altamente comercializadas para acalmar consciências, a impunidade dos mercadores de ontem, remanejados aos mercadores de hoje, enquanto a situação geral dos cidadãos comuns se deteriora na orgia de cargos e encargos e recargo sobre os mesmos ombros de sempre.  Tiradas suas espadas de aço, voltando à sua vida “civil”, descobrem, nossos “soldados” que privilégios são caros demais para suas novas situações, filas em aeroportos, em atendimentos, queira de extrema urgência, tipo hospitalares, ou de casualidades como mercados e bancos, despojados de “sua excelência” tornam-se de segunda classe, na sua visão, ao nível de seus eleitores de antes, opositores de hoje, e caminham ressabiados pelas beiras das calçadas, resmungando suas perdas e descachados dos seus quadrados, deixados vagar pelas mesmas filas que ignoravam, tornam-se vulneráveis. Das antigas leis de servidão ou posse, como de Talião, que determinava a punição na mesma forma do crime praticado, às novas leis de soltura com tornozeleiras, passou um tempo, legislado por benevolências praticadas em causa própria, como visto nos atuais processos liberadores de grandes criminosos e perpetuadores de pena aos pequenos, vistos assim pela posse de suas “espadas”, defendidas com precariedade pelos seus iguais. Vencido o tempo das talionadas, vivemos o tempo das canetadas, perpetradas pelos juízes das ações em tantas instâncias quanto necessárias para filtrar as penas devidas, tornando-as indevidas. Pena que se valorize assim tão baixo um trabalho que já foi sublimado na sua essência, ao peso da toga. Estou tentando dissociar o momento político de momento fraudado, desenhado uma coisa como outra. Enfim, o que se vê nesses tempos de espadas mal lavradas em paus podres é a proliferação de cupins em suas entranças desvestidas de tais valores.

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