Nossas espadas de pau
Estamos discutindo as idolatrias
desse século XXI como exageradamente simbólicas. Como as cores das bandeiras dos
partidos e das mentes partidárias. Com o pensamento voltado para os
legisladores que foram destronados nessa última eleição, e sua consequente troca
de deveres e haveres, frente às culpabilidades ou não, em processos emperrados
nos foros privilegiados, e que deixam de sê-lo, e se assustam pela realidade
momentânea. Pois bem, para começar o raciocínio sobre o assunto, voltemos a
Roma antiga e suas simbologias, naquele tempo os soldados eram endeusados,
quase quanto os políticos curraleiros de hoje, também formavam seus currais e
na baixa de suas ações guerreiras eram agraciados com espadas de madeira, em troca
de suas espadas de aço, usadas nas batalhas, como símbolos da força. Parece-lhes
um absurdo a troca de espadas de aço por espadas de pau? Pois bem, mal
comparando, as trocas de hoje vão de barganhas de ideias por papel moeda, os
cargos ministeriais aos perdedores das eleições, as espadas de pau da
atualidade, à troca de elogios por ofensas, comumente execrados pelos votantes,
agraciados com símbolos de poder, como prêmios consoladores. Nossas espadas de
pau são altamente comercializadas para acalmar consciências, a impunidade dos mercadores
de ontem, remanejados aos mercadores de hoje, enquanto a situação geral dos
cidadãos comuns se deteriora na orgia de cargos e encargos e recargo sobre os
mesmos ombros de sempre. Tiradas suas
espadas de aço, voltando à sua vida “civil”, descobrem, nossos “soldados” que
privilégios são caros demais para suas novas situações, filas em aeroportos, em
atendimentos, queira de extrema urgência, tipo hospitalares, ou de casualidades
como mercados e bancos, despojados de “sua excelência” tornam-se de segunda
classe, na sua visão, ao nível de seus eleitores de antes, opositores de hoje,
e caminham ressabiados pelas beiras das calçadas, resmungando suas perdas e descachados
dos seus quadrados, deixados vagar pelas mesmas filas que ignoravam, tornam-se
vulneráveis. Das antigas leis de servidão ou posse, como de Talião, que
determinava a punição na mesma forma do crime praticado, às novas leis de
soltura com tornozeleiras, passou um tempo, legislado por benevolências praticadas
em causa própria, como visto nos atuais processos liberadores de grandes
criminosos e perpetuadores de pena aos pequenos, vistos assim pela posse de
suas “espadas”, defendidas com precariedade pelos seus iguais. Vencido o tempo
das talionadas, vivemos o tempo das canetadas, perpetradas pelos juízes das
ações em tantas instâncias quanto necessárias para filtrar as penas devidas,
tornando-as indevidas. Pena que se valorize assim tão baixo um trabalho que já
foi sublimado na sua essência, ao peso da toga. Estou tentando dissociar o
momento político de momento fraudado, desenhado uma coisa como outra. Enfim, o
que se vê nesses tempos de espadas mal lavradas em paus podres é a proliferação
de cupins em suas entranças desvestidas de tais valores.
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