quinta-feira, 25 de abril de 2019


Na tarde esquecida
A paz recomeçada
Seja vida...







No canto do pássaro preso
O que te encanta
Pode seja seu desespero...







A palavra que não foi dita
Espreme lágrimas...








O que te diz este dia
Que não ouviste ontem?
O sentimento sutil
Desse reencontro...






Será preciso mais doer
O pós-operatório
Para fazer-me sentir
A duodécima hora?!






O que te diz
Este olhar dolorido
Do tempo sentido?







A espera da ausência,
Maior que a ausência
Pela espera...







Dentro deste silêncio,
Talvez o mais dolorido,
Incólume ao ouvido...





Rancores

O amor pode estar na palmada
Com que um pai tenta educar
Um adolescente ranzinzado.
Mas o adolescente será o ódio?

Outra vez o ódio pode relaxar-se
Em palavras odientas a parecer
O amor, mas o amor terá encanto
Enquanto não odeia palavrear-se...

Como pode estar no silêncio
Deitado em uma única lágrima
Onde o ódio cede à maneada...

Assim, na graça de conter-se
Em lágrimas pelo ódio amestrado
O amor silencia-se, gratificado.

Galanteria

Assim nos vemos por décadas,
Aceitando-nos mutuamente,
Instados a querer beijos matinais,
Sorrisos por tempos imemoriais...
Assim se amam casais juntados
Mais pelo sentimento perene
Que pelas promessas iniciais...
Mais por sorriso que por lágrimas.
Se nos demos mais ou menos bem
Não podemos nos dês desejar
Por picuinhas atritadas,
Sempre menores que conciliações...
Assim a tolerância nos é prova
Pois despencamos fisicamente
E nos deixamos levar por cansaços,
É importante que nos galanteemos
Cada vez mais e mais,
Por menos...
A mim não importam palavras doces

A mim importa o sorriso sincero,
Ou uma lágrima, apesar de...
Ou a exatidão da ofensa,
Desde que haja sinceridade...
Isso está cada vez mais raro,
Fossilizado em risos cáusticos.
Foi-se o tempo de engolir sapos
E rir de volta ao tom sarcástico...
Ah, esses desgraçados otários
Que vêm reclamar lamúrias
Por um prato simetrizado!
A mim não importam palavras doces,
Desse doce tom amargo...







No romper da aurora
Os sonhos se findam
Em realidade...
O claro faz-se verdade,
Fonte de planos desfeitos,
Apenas um pouco saudade
D’outros feitos...













Dentro de cada momento
Vive-se o tempo,
Palavras são vegetamentos,
Qualquer deslisura
Faz a diferença entre querer
E querer-se o centro.














O amor
Pode estar numa palavra de ódio.
O ódio
Nunca estará na palavra amor.






O amor pode estar
No cãozinho puxando a madame
Enquanto a velha pedinte
Rói um pão amanhecido?






O desamor que vemos
Pelo mundo afora
Desautoriza
Mensagens amorosas...








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