quarta-feira, 2 de outubro de 2019




Brotoejas
São marcas que vida deixa
Quando a vida leva...


Latitudes

Não há muita noção
A distinguir o norte,
Sul, leste, oeste...
Porque tem os entremeios
Sudeste
Que me arqueja ao erro,
Centro oeste...
Visto de qual latitude?
Pois a cada passo
O este muda de lado
Se desfaz em praxe
De verdades divididas
Em cartazes...




Canis

Alguém fugiu do canil
Se asilou num mundo estranho,
Açoitado pelo velho carrancudo,
Mimado pela outra dona,
A dos varais caídos,
Alguém sofre o desespero
Dos vencidos.
A cerca cerca as opções
Num mundo amedrontado
Para cães e meninos
Abandonados...
O vento assusta papéis pela calçada,
O mundo se altera a cada vidraça,
O menino se salva com a chegada
Do ônibus da escola,
O cão foge da carrocinha
Pelo passado que assusta ainda...
Despreocupadamente

O tempo atravessa lascas
Nos caminhos assentados,
Põe em vigia o presente
Livrando-se dos passados...
Despreocupadamente
Meninos jogam peladas,
Mal sabem que
No contratempo
A bola não arrasa...
À vista dos elementos
O tempo rui-se por nada,
Que falta faria ao tempo
A disparada?




Sequenciamentos

Depois do fim
O recomeço é imperdoável...
As cenas revividas
Não são passado,
São páginas a lembrar
Estarem presentes
Em cada passo dado...
Depois do recomeço
O fim interminável...








Imagens

A imagem corriqueira
Do Cristo na cruz
Não me representa
Tanto quanto
O Cristo de braços abertos,
Abençoando a todos,
Indistintamente...










Enquanto embalança a rede

Acordem os desensinados,
Acudam os desvencilhados,
Amansem os desavisados...
A vida continua vivendo-se
Enquanto a rede embalança
Sonhos de passados.











Híbridos
Se tecermos,
na hibridez do senso,
Cada passo de nossa história,

Perderíamos nos findos da memória
Cada mal passo ido...
Galhos secos à seca das ideias,
Voltamos ao que o ascendente era,
Por mais que ascendamos
Seremos sempre a espera.
Por desacertos,o chão nos supera.
Quantas vezes, famintos,
Nos permitimos cegar ao constante
perscrutar de cada ego...
Qual seria o próximo limite?
Talvez a paz de não pode-lo,
Como o que nos fora dito,
cerramos nossos punhos
Na raiva transformada em ira,
Por mera covardia...
Quem será o próximo
No outro novo dia?
sergiodonadio

Híbridos

Se tecemos, na hibridez do senso,
Cada passo de nossa história,
Perdemos nos findos da memória
Cada mal passo ido...
Galhos secos à seca das ideias,
Voltamos ao que o ascendente era,
Por mais que ascendamos
Seremos sempre a espera...
Por desacertos
No chão que nos supera...
Quantas vezes, famintos,
Nos permitimos cegar
Ao constante perscrutar
De cada ego...




Qual seria o próximo limite?
Talvez a paz de não pode-lo
Como o que nos fora dito...
Aqui cerramos nossos punhos
Na raiva gratuita,
Transformada em ira,
Por mera covardia...
Quem será o próximo
No outro novo dia?
sergiodonadio









Olhares perscrutadores
Procuram tudo
Na imensidão dos nadas...






A sagacidade dos que se foram
É ficar mastigando saudades
Na predição das gentes...





O mar que invento

Procuro
Aos redores de mim
Assombramentos...
Como o bicho do mato
Procura sombra e vento...
Devido ao amplo verdor
Da roseira braba
O espinho ataca.
Procuro o alumbramento:
Encontrar o mar
Que invento...






Ao que nasceu nu

O que nasceu nu
Em nus se abate,
Mesmo que sonhe alto
E se entregue a planos,
Uma vez mais se verá nu,
Descalço a sepultar-se
Em flores e desencantos...
Assim é que o esquecimento
Se fará presente,
Na ausência de motivos
Pra lembrar o pranto,
Que se fez obrigação,
Ao descendente...
Deixará logo de chorar o corpo
E a alma, voltará
Ao novo encantamento
Em algum outro momento...
Momento água

Todos os senões
Foram libertos...
Agora o pensamento se abre
E se acotovela em fatos
A ressurgir a mágica
Da alegria ou tristeza
Na ilusão dos feitos...
Feito lava
Que em momentos
Virará água...







Lembrança dos amigos

Das lembranças dos amigos
Lembro de mim
No silêncio da timidez,
Mais que deles mesmos,
Que se vão apagando
Pouco a pouco
Na memória da realidade
Espinhosa de estarem
Morrendo
Devagarmente...







Pela lida

Há um silêncio de paz
Nos momentos em que
A cidade dorme...
Nesses momentos
Me reencontro
Relendo em mim
O eu que acorda quando
O resto pela lida
Dorme...



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