segunda-feira, 6 de junho de 2022

 

                                              Serendipity

Serendipity, é o dom de cultivar a consciência para que nos colham descobertas acidentais de coisas inestimáveis, as quais não se esperava, mas que alegram o momento de as descobrir, segundo conscientes. Exemplos: A descoberta de Colombo de um novo continente onde pensava uma ilhota, a vulcanização da borracha por Charles Goodyear, entornando borracha derretida e enxofre sobre uma chapa quente, acidentalmente. Entre tantas, a satisfação das pequenas descobertas imprevistas...  [U1]   Serendipity, para cada um de nós é o momento de desvendadas surpresas que nos colham, que sacudam a rotina e nos façam evoluir. São os acontecimentos despercebidos em outras ocasiões, que nos chamam como surpresas inestimáveis em um dado momento serem atraídos por interesses diversos dos costumeiros. Às vezes, quando nos sentimos bloqueados e surge num repente uma ideia que nos tira da inércia, é o que nos mostra um caminho, que desconhecíamos em outras vezes, por bloqueios de desnecessidades, pois o Serendipity não chega quando estamos satisfeitos e sem curiosidade pelo novo, sem a percepção da falta que surge num vazio de motivos, e nos chega quando insatisfeitos com a mesmice dos ontens, repetida a cada gesto hoje. É quando, procurando um objeto encontramos a saída para o momento, um anel perdido, um pé de meia, uma luva em desuso, que nos atice a memória para algo esquecido entre retratos e bilhetes de consolo, recados que fariam diferença se lidos num outro momento, e que agora puxam a emoção por descobrir um novo sentimento. A agulha num palheiro pode seja este pequeno objeto, antes desimportante, agora acendedor da emoção esquecida na atarefada manhã de um dia, deixado na poeira... Sou avesso a dar conselhos, mas nesta fase de vida, com mais recordação que esperança, posso exemplificar meus motivos: meu Serendipity de agora, quando vejo claramente o que era obscuro antes, ou penso ver, nas coisas simples de cada dia, como passar pela porta dos quartos de meus filhos e netos, e vê-los vazios, sentar à mesa e tomar o lanche a dois, com as cadeiras desocupadas ao redor, escrever sobre isso. Este é o meu momento de curiosamente folhear, não o passado, mas a percepção do atual, com todos os sonhos quase realizados, a espera por eles, talvez no fim da tarde, talvez no fim da semana, talvez no próximo mês... olhando retratos na parede e curioso pelo que estejam fazendo no momento em que assisto sua volta, o que teremos a dizer-nos, que já não sabemos as respostas? O tempo é feito de marés, estando na vazante é preciso se agarrar às raízes, estando na cheia, é preciso soltar-se, a cada idade, somando as outras idades, aproveitar as marés que nos fazem crescer, e a curiosidade é que nos faz aprender, a necessidade nos impulsiona à frente, na procura do Serendipity da vez.


 [U1]

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