segunda-feira, 6 de junho de 2022

 

Sumidouro

 

Por onde se escoa

A retentiva de pessoas,

Que, se não estão mortas,

Estão esmaecidas na memória,

Como fotos nas enegrecidas

Paredes fumegadas

De um tempo aquecido

À lenha seca despegada

Dos morgados troncos,

Que, como pessoas, cortados

De suas raízes desverdecidas

Neste esquecimento tosco...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dado o adiantado da hora:

 

Por tempo,

Que se perpetua em fato,

Ouço o chamamento

Estupefato.

A causa

É um sombrio retorno

Ao fogo extinto

Em latu sensu empático.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No perceptível desprazer da lida

Abri mão de conceitos e manias

Pra não abrir mão da vera vida...

 

 

 

 

 

 

 

As rugas rabiscadas pelo vivido

Entre atritos e desatritos formam

Este desenho lírico da verdade...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Visto este tempo enevoado

Saio à procura do sol

De dezembro em maio...

 

 

 

 

 

 

 

As cicatrizes nos lembram

A fragilidade dos membros,

E ao tempo se remendam...

 

 

 

 

 

 

 

 

Cansaço

 

Teoricamente

Os dias vão passando...

Vão passando...

Vão passando?

Ou somos nós que ficamos,

Assistindo derrotas?
Os dias se repetem

Com tal insistência

Que cansamos de argui-los

Sobre presenças...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saldos

 

O que ficou do dia?

A vontade da alegria!

A verdade é problemática:

Obstaculiza toda mentira

Que derrapa à frente...

Assim caminhamos,

Entre tropeços e avessos

Nos encontramos,

O que salda de cada momento?

A saudade d’outros momentos

Menos tensos...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Página em branco

 

Estivemos fabricando luz

No escuro das intenções...

 

 

 

 

 

 

 

 

Do laço é feito promessa,

Que o dia parece pouco

Para quem tem pressa...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

do depois em diante

tudo é tão distante...

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