quarta-feira, 19 de novembro de 2014



Amansados


Me perdi
Onde vagam os rios,
E, como eles
Perco-me no vagar dos anos...
Milhares de anos
Nesse mesmo leito,
Sem fim... Nem começo.
Aqui nos navegamos
Para o sal deste mar
Que nos atrai
Com promessas de ondas
Abissais...
Onde me perdi
Perde-se a foz do rio
Amansado pela imensidão
Do mar.







Eu era pequeno


Eu era pequeno,
As pessoas tão grandes...
A deslembrança me abraça
E acaricia a falta
Que me fez a visão
De olhos refringentes,
De um coração frágil

Na humilhação de fraco,
Quase um idiota
Entre sábios.

Eu era pequeno
E me apequenava mais
A autoridade intangível
Da professora áspera,
A bater a régua
E recriminar fraquezas
Idas.




A fazer o novo


O dia em que eu faltar
Faltará de mim algum pedaço
Que a vida fará sentir
Estardalhaço...
O dia que me faltar
vida será desmembrada
Em reviver as dores
E os amores...
O dia que me faltar
A hora de saber-me crasso
Será de mim este pedaço
A fazer o novo.











Do terno à vida


Para os corpos
que passam
Deixando almas
A contenda mal começa
Já se acaba
Sangrando
Umas mãos rápidas
Culpadas
De desalojar almas
Das carcaças.
Primamos por conceber
Ideias desconcebidas
Num tempo de o fazer
Sob medida,
Do terno à vida.








Cativos


Quando eu me vivo
Procuro as concordâncias
De amigo... Discordo
Das ideias antes tidas
Arremessadas ao léu
Como evasivas...
E fico vendo o leão
Na jaula, apático,
Tentando entender
A agressividade
 Apreendida
Que eu me vivo em ser,
Antes cativo.













No instante em que partimos
Compreendi
As causas que dividimos
Ficam aqui.




sergiodonadio.blogspot.com

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