terça-feira, 7 de agosto de 2018


Aos incrédulos

Não é que se vive só uma vez,
É preciso que se viva cada vez...







Mudar pode ser bom, ou ruim,
Espero que se aceite outro
Quando não for mais você...






Das vontades puídas

Ao me ouvir
No silêncio da noite
Observo que não gaguejo
Nem emudeço
Falando comigo...
As situações diversas
Diversificam-se mais,
Por estarem sós comigo,
As volições das vontades puídas
Transformam-se em novas
E o momento perfuma-se
Em extratos revividos nobres,
Embora fúteis, sinceros,
Embora verborrágicos...




A soma dos momentos

Se faz um só
Entre as falas caladas
De meu silêncio gritante,
Áspero ou afetuoso momento
De sorrir ao meu choro
De há pouco...














Quando me vejo no antes
Me aconselho virar a página,
Doce ou amarga, findada.






Esses dias de chuva
Aguçam sentimentos,
Somos levados a sonhar
Belos momentos...







Quando se entregar
A ser outro
Não deixe ser você...






Não guardo rancores,
Ocupam muito espaço...









Numa discussão
Rompa o silêncio,
É menos dolorido.






Estar feliz não é
Igual estar alegre,
Que se confunde
E nem se percebe...





Quando a noite vem

Quando a noite vem,
Eu ainda ensolarado,
Vão se calando as vozes
Do dia desencorpado.
As passarinhas voltam aos ninhos
As escolas fecham as portas,
A gritaria da estudantada cala,
O vizinho recolhe obrigatoriedades...
Quando a noite vem
A luz de presença se acende
À passagem do gato insone.
As sombras despertam e somem
Em mim, que fico outra vez menino
Dentro do hoje homem.




O corpo que me veste

O corpo
que me veste a alma
Está cansado de mim,
Do dia viajado,
Do ar respirado
Esfumaçado enfim...
Tomo-me de banho e
Protetor solar e saio,
Que a rua e o tempo
Estão clareando o senso
De, cansado, volver
Ao lúdico tempo veludado.








Talvez tenha
Que ser mudado,
Que esta alma vestida
Sente o frio dos dias
Menos geados...
O corpo que me veste
Traz cicatrizes
Que não se aprofundam
À alma que me vive,
Lívida e calma...








Sedimentares

O humor
Deste homem
É medido em fezes?
Quanto mais tempo fica
Sentado à espera
De expeli-las
Tanto mais pensa
Em ponderar que fezes
Não tem singular
E viriliza...








As sobras do dia

A frequência no boteco
Dessas pessoas de bar...
Não percebem que
A parceria se deteriora?
É por não ter parceiro,
E que não se pode mais
Oferecer as sobras do dia...
Mas doar-se inteiro
À parceria.









Encaixes

Estou me vendo cópia do meu pai
Lendo “Tudo nela brilha e queima”:                     
- Na memória você continua em pé,
Acordado, trazendo pão quentinho
\da padaria. Descascando manga
pros seus netos, lendo quadrinhas de caubóis ou assistindo filmes em preto
e branco, comentando com a vó
Das grandes atrizes dos anos quarenta.
Nós vamos sentir saudade. Ryane Leão

Portanto, não estou sozinho nesta
Saudade que me queima, dos tempos de menino...




Contrapesos

A minha carga
é minha carga.
A tua carga
é tua carga.
Podemos até
tentar dividir
pesos,
Mas se desiguais
Ao contrapeso.









À Alfonsina Storni

As ondas deste mar de ontem
Lavam pegadas das lágrimas
De um tempo desvivido hoje
Com as verdades de ontem.

Lá se vão os mares de ontem
Com os prazeres de ontem...
Lá se vão às fotos de um tempo
Os regalos e fantasias dos dias...

Sob a pressão dos dias novos
Mentes mentem suas versões
Do vivido recente em falso...

Lá se vão as verdades de ontem
Nas ondas repetidas desse mar
De saudades e esperas demais.

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Mea culpa

Os dedos em riste
Apontam o infinito
Sobre o mar é sob o céu
Que a vista alcança...
Se me há dito que morres
Ao ver este mar revolto,
Acredito...
Mas os dedos te mostram
Apenas o caminho aberto
Neste mar infindo.








“Informagem”

A imagem
Que informa o local,
Essa insigne forma
De se ler o casual...





São solitárias
As pessoas
Rodeadas
De desconhecidos...







Para meus sonhos de hoje
Não preciso prioridades,
Sonho miudezas fáceis...









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