sábado, 15 de setembro de 2018

Desacerbo
Em todo esse tempo
De minhas vidas
Não senti a poesia 
Açoitar-me pensamentos...
Acarinho-me com ela
A cada momento.
Estou feliz por tê-la
Companheira das horas fúteis,
Das guerras íntimas,
Das dores e risos e trajetos,
Empedrada a frente.
A cada passo dado,
Medrado por cada dia vivido,
Empoderado a cada sentimento...
A cada pêndulo balançado
Nessa continuação das horas
Semiacerbas pelos calos
Da vivência...
O que seria de mim?
Rústico madeireiro em tempos
Difíceis de viajados sonhos
Desfeitos, refeitos prontos,
Não fora ela, companhia
Das horas dormidas nas matas,
Ouvindo bugios na barulhada
Dos sóis postos...
Vendo animais e suas crias
Sendo defendidas de nós,
Predadores de todas as raças...
O que seria de mim,
Predador por natureza,
Não fora o sentido de paz
Que a companhia me apraz?
Talvez sobrasse em mim
Apenas as mãos calejadas
E as costas gastas nesse eito
Na desavença desse sonho
Desfeito...
Em lágrimas ao fim das tardes?
Em filigranas de vozes múltiplas
Me fiz poeta em tempo de luta,
Fiz-me capaz de sorver a raiva
De me viver em força bruta!
O que seria dela, a poesia,
Sem minha palavra poemática?
Nesta alegria recíproca convivemos
Pelos dias ermos das fantasias...
Seria mais ou menos como
O troglodita sem sua machada,
O homem que me vivo,
Sem a minha palavra,
Lavrada em ternos pensares
Entre as horas de toscas falas
Aos que vinham negociar-se
Em falcatruas armadas
Ao meu sustento de lavra.
Porquanto convivemos bem
Assumamos nossas cumplicidades
Entre a verve mentirosa e
A nossa verdade.
Pousei minhas asas sobre
Palavras vazias, empoeiradas
De vividas...
Rucei a face lívida,
Orcei a divisa entre erratas,
Pausei a cada dúvida,
Saímos à praia escaldados
Dessa aventura de mares abertos
Aos sentidos crassos
De cada braçada.
Estamos aqui, finda a jornada,
Orlados pelas circunstâncias
De respirar e respirar e respirar
Sempre a mesma constância
De vivermos da esperança!
Nesta paz.
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