sábado, 1 de setembro de 2018



As paredes da verdade

Lido com as paredes da verdade,
Não me assombram promessas
Ou ofensas, ameaças ou elogios...
Os sonhados desencantaram-me...
As sombras desanuviaram-se...
No dia a dia sou o que somos todos:
Sentimento e razão alternadamente,
D’onde extraio minha força
E meus medos...
Talvez possa ceder aos ismos,
Mas volto a ser-me cada momento
Depois de cada susto,
Pois além de querer ser, sei-me,
E isto é resoluto nos meus dias
De festa ou luto.






In xallah!
Oxalá!
Amém!
Que assim seja!
Toda reza termina bendizendo a outra,
A que se fez sentida no ato da troca
E teve a força de transformar
A rudeza em singeleza de novo parto.
Que assim seja
Toda civilidade que se eleja,
Mesmo que tarde a fé nessa certeza
De que na finitude da carne
Não se finda a vida
Onde alam teve e fez guarida.









O que dizer
Das vidas que se vão?
E a perpetuação das ideias?
E os versos de Camões?
Sobrevidas do que foi o homem
E sua palavra ação!
Obras esculturais de perpetuação
Nos altares da imaginação...
Babéis de tantos séculos...
Hieroglíficos materiais refeitos
Na interpretação dos sinais...
As vidas que se vão
Deixam históricos manuais
Para suas perpetuações
Nos anais.






                   Tentativas  
Diziam os antigos,
Quando se anuviava o céu
Prometendo tempestade,
Que eram os sinais dos tempos...
Diziam que quebranto
Se benzia com arruda,
E cessava o choro enjoadinho...
Verrugas, uma vez
Aderi às simpatias, e sumiram,
Nem sei de qual delas,
Eram tantas as simpatias
E benzimentos e rezas...
Eram crendices benfazejas
Aquelas das avós,
Que as penso solucionáveis
Nesses tempos amargos
De promessas politiqueiras...
Nesses sinais dos tempos
Que eu não soube decifrar...
Mas tento.


A minha face
Era a que eu me via...
Talvez ingenuamente fria.
Depois deturpou-se aos prantos
À espera de novos acalantos...
Aquela que foi minha face, um dia,
Desfez-se no correr dos tempos,
Fosse por ceticismo ou letargia,
Ou a crença de ter sido, tanto.
Mas somos humanos
E nos vemos mais que estes,
Que a um afago abanam os rabos,
Enquanto os galos se sabem galos,
E os cães, e os gatos, avizinhados...
Mas nós, humanos, nos pensamos sábios nessa infinidade
De sabedorias...

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