domingo, 23 de setembro de 2018



Metáforas

As irmãs religiosas
Viajam no tempo ontem,
Desbravam o tempo hoje
Em misericórdias...
Sinto sua presença
Nos menores atos da rua,
Uns meninos desajustados
Põem-se a prevaricar
Sobre a fé dessas Irmãs...
Com saudade as olho
Com seus trajes longos
E suas cabeças cobertas
E sua fé nas verdades
Das próprias entidades,
Agora que até o Papa
Diz que a história bíblica
E metafórica!


Batismos

A moça
Que veio de longe
Alerta para sua ausência
À beira dessa água corrente...
A moça
Leva você em pensamento
À beira dessa água
E te batiza com ramos bentos...
E vaza,
Como quem se deu por satisfeito
Com sua presença de alma,
Embora teu corpo esteja molhado
Teu pensamento seca
Tuas intenções de fato,
Ingrato.






Hora tardia da manhã

Meu poema
É uma canção de ninar
Para mim mesmo,
Este menino crescido...
Parece não ter lugar
Na mente desastrada
De haveres e deveres
Desses tempos rasos...
Meu poema traz à memória
Lembranças jovializadas
De cada época corrida,
Daí veem-me Menino...
Mas não estou chegando,
Estou partindo.







Janelas fechadas

O estalo do vento forte
Na veneziana
Adverte os incautos
Que sua proteção
Não é de arame eletrificado,
Mas sim
De opções pelo cercamento
De suas ações de antes,
Janelas fechadas
Ao entendimento
Ferem a noção de liberdade
E segurança...
O estalo no bater da janela
É fato amedrontador
De viver essa liberdade
Imprescindível ao ser,
Ávido de ser.




Aviso aos navegantes

Naveguem... Naveguem...
O mar está distante
Mas o sonho é lindo.





A realidade

É não ter medo da água,
Mas lembrar de que
Ela represada em rio
Afoga o nadador.







Ao desalentado

Não tem muito
Que fazer neste
Momento,
A não ser o indizível
Gesto brando
De aceitação
Sem ternura
Que bate firme
Nesse coração
Tornando o criador
Em criatura...










As palavras mortas

As palavras matadas
No silêncio da vergonha,
Diluídas em tantas outras
De baixa escaldadura
Conferem ao olhar
A obrigação de externar
Dizendo tudo ou mais
Do que diria a palavra dita,
Antes revertida em calma
Nesta raiva absoluta!













O bom da vida
É ter vivido
Cada momento
Dispendido...






Pássaro calado

De muito velho
Já não canta
O mesmo amor
Que te alcança...





Teus medos

De tua cara em negro
Faço-me teu segredo
Que não comporta
Impedimentos,
Na fase das fazeduras
Sou teu primeiro medo,
O que frequenta teus sonhos
Desninhados hoje
Frente ao itinerante passo
De arremedos...
Seria lícito superar
Novos degredos
A cada teu novo medo?








Quando tinhas asas

Quando tinhas asas
Voavas teus sonhos...
Enquanto meditavas.
Com o trampo forte
Perdendo-as
Nas responsabilidades
De novos tempos
Sobre ocasos distraídos...
E nada... Nada disso sobra
Para o dia vindo agora,
Sem apelo à força
Acreditada destino.











Somos mesmo racionais?
Mas me parece que outros
Sabem melhor que nós

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