segunda-feira, 10 de junho de 2019




Passa-se quanto tempo
Entre os acontecidos
E o esquecimento?






Todas as faces puras
Até que as envenenem
Os fatos desavindos...



A criança

Sorriso aberto até que
Ensinamento se reduz
À apreendida luz...





Das tantas vezes
Que me argui da sinceridade
Talvez me tenha mentido
A verdade...





O coração,
Enquanto músculo,
Bate forte
Ao imprevisto susto...





O fim do bom
Não precisa ser ruim,
Basta rebobinar-se...





Talvez você não saiba,
Talvez ninguém saiba,
Mas, com certeza sei
Do que foi me viver
Nesse espaço tempo
A mim concedido ser.
São passos passados,
São passos presentes
Prometendo futuros
Por passos maduros...
Num tempo premido,
Mais ido que provindo
Dessa vontade perdida
De ter o tempo indo
Entre faces rudes...
No silêncio

Nesse ambiente,
Nessa hora,
Desorganizados pensamentos
Sobre o tempo presente
E o que foi embora...
Um pouco o arrependimento
Mas muito de pensar insano
As coisas preparadas
Para o ano...
No silêncio dos grilos silencio
Apurando o ouvido e pensamento
A procurar o melhor motivo
Para este momento...


Sentido frouxo

O que nos sustenta,
Além da realidade imediata
Dos sonhos?
Talvez um pensamento sobre
Arbitrariedades avulsas
(ou coletivas)
Afluindo das bocas mal ditas
Neste silêncio suicida...
Ou apenas um olhar de reprovo
Sobre atos contidos e incontidos
A cada gesto e passo dados
No mesmo sentido...
Sentido frouxo.


Tangencialmente

Pessoas rastejando
Para a próxima hora
São ridículas
Apressando o passo
Sem definir pra onde...
Olhares confusos,
Passos tropeçados,
Mentes bêbadas,
Tudo nos conformes
Desse desabitado
Mundo errático...
Como achar a tangente
À sua frente?


Sem pejo

A vida tem sido
Um bom combate,
Não vejo inimigos à frente,
Apenas os que se desfizeram
No tempo vencido deles...
Os que pensei sábios,
Os que manipularam a ideia,
Os que passaram vagos...
Tem sido um bom combate
Vê-los todos amarfanhados
Em seus pequenos desejos
E suas longas delongas,
Sem pejo.


A palavra

Há de construir-se
Como se constrói uma casa,
De tijolo em tijolo.
A poesia é o acabamento,
De verso em verso,
Pintando cores ao cimento,
Forrando pisos toscos
Das palavras nuas...
Cobrindo-se em telhados
De sentimentos puros,
Embora impuramente
Dedilhados, sem pejo
Ao erro ou lisura...


...

Às vezes penso
Que as reticências
Forçam continuidade
De pensamentos...
Mas é assim mesmo
Essa licenciatura,
Uma vez levada a termo,
Desfigura...







O braço que te abraça

Se um braço te abraça,
Te consente...
Consente-te com esse gesto
Implemente,
Mas premente ao regresso
Do que te sentes...
A falta involuntária do finado
Faz-te mal ao senso?
Pense bem nesse propósito
Antes de responder em lágrima
O que por este abraço
Ainda sentes...





Viajar ou não viajar:
É a opção de ficar
Ou a opção de partir
Navegando este ar...







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