domingo, 2 de junho de 2019


Tempos de águas

O dia ontem se foi ontem...
O dia hoje se está indo...
O que fazer para esperar
O dia amanhã amanhecer?
Amanhã sem fim         
É a aliteração das águas
Prenunciadas boas...
Mesmo que corram
As casas idas nessas águas
Seremos novos
No dia amanhã,
Na saudade dos ontens,
Levados nessas águas
Passadas...





Intensidades

Neste duro céu
Que nos assiste
Há uma passividade
Incompreendida
Que nos traz à tarde
A noite ida...
Neste duro céu
A promessa se horizonta,
A paz que presenteia
Ao por do sol de hoje
A visão do infinito
Acreditado segredo
Que nos põe medo
E nos encanta a volúpia
Deste momento tenso
De fim de luta...



A palavra na poesia

A palavra que na poesia aflora
Seria fácil no romper da aurora...
Na paz advinda desse promontório,
Se todos entendessem
O que se passa no verso,
Inverso do sentimento adverso,
Seria a poesia a palavra final,
A interrupção das guerras
Que a nós tanto faz mal.
A palavra na poesia sussurra
Uma ordem absoluta
De mandado esquecer o ódio,
Que pode ser maior que o amor,
Bem menos consistente à dor,
Cicatrizada ferida
Que sangrou a alma...
E se foi.


Despreparo

Somos humanos
No limite de ser,
Conjugados ao que seria
- Poder!
Partimos deste princípio,
Para poder,
Entre outros, o de matar,
Evitando morrer...
O que nos falta?
Querer ser racionais?
Se não des racionamos
Nosso viver insano...
No dia a dia somos humanos
E isto, a nosso entender,
Perdoa atos falhos
Aos despreparados
A ceder...


Entre os dedos dos mortos

Entre os dedos dos mortos
Está a verdade afinal
Sob as unhas unhadas,
Vestígio de sangue e raiva
Entre mãos espalmadas...
O pedido de perdão?
As veias expostas
Dizem a verdade da idade,
Queiras ou não...
Com a história dos desmentidos
De então...








O ano em que cheguei

Foi no pós-guerra,
Havia um murmúrio pelas ruas,
Um silêncio abrasador
Sobre as cenas peculiares,
Charangas vendendo roupas
E talheres... Em chão batido.
O ano em que cheguei
Foi um tempo de friagens,
Talvez um frio nas almas,
Ou apenas a desconfiança
Aos meus ascendentes itálicos...
Com os asiáticos era pior ainda,
Mas estávamos aqui,
Famílias enormes, dez enxadas,
O poder nas mãos do prolixo...
O ano em que cheguei
O mundo estava mudado...
A espera tinha acabado
Em nova era, de paz.
sergiodonadio
Comércio

Somos comprados
E vendidos muitas vezes...
Mas não fazemos ideia
De nosso valor.








Só se vive
Uma vida...
De cada vez...




Motivamentos

Eu choro às vezes...
O motivo?
Pelas alegrias,
Pelas tristezas,
Pela aspereza dos fatos,
Pela vileza dos boatos...
Mas não choro pela morte
De alguém próximo de mim,
Ou distanciado...
Talvez pelos que ficam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário