segunda-feira, 24 de junho de 2019


Vá lá

Vá lá
Que a vida não está fácil...
Mas foi prometida fácil?
Vá lá
Que o tempo está esfriando...
Mudo para o norte?
Vá lá
Que família dá trabalho...
Mas pode-se viver sem?
Vá lá
Que burguesia está atrasada...
Mas alguém foge ao burgo?
Em assim sendo, vá lá,
Continuemos batendo
Neste ferro frio e tenso...
Às vezes no silêncio da noite

Um cão ladra a certa distância,
Acorda meu senso de medos...
Por que razão estaria o cão
Espantando o próprio medo?





A distância entre
A mente e as mãos
É muito longa,
Às vezes inalcançável...


Sonhos pequenos

Esses sonhos,
Quando menores,
Criam as possibilidades,
Por realizáveis...
Já dizia meu pai:
-Não dê o passo maior que a perna,
Vai tropeçar...
Tropeçamos todas as manhãs
Nos nossos próprios chinelos,
Estranhos de nós,
Depois de uma noite
De sonhos...
Grandes demais.


A desesperança

Não seria o contrário
De esperança,
Mas a falta de...
O fim do túnel
Sem claridade à frente...
A curva da esquina
Sem esquina?
Talvez o sonho desfeito
Ao fim da realidade...
A desesperança
É tal qual o olhar lacrimado
De um órfão
Em seu orfanato...


Viranças

Todos se vão, um dia,
Não é possível perenizar
Cada momento
Em cada memento...
O agora há pouco
Já se finda em ponteiros,
O daqui a pouco
Surpreenderá o desvivido...
Assim todos corremos
O mesmo risco de virar
Poeira...




Términos

A memória do corpo
Tem mais valia
Por mais presente...
Na terceira idade, a última,
Tudo é definitivo, a dor,
O amor, a sensação de estar
Pronta a casa, o muro
Que a separa da rua,
No sentido do nada.
A memória da dor
Vale-se dessa fraqueza
Do corpo para impor-se
Ao encanto da espera
Terminada...



Nenhum comentário:

Postar um comentário