da minha sorte
No flanco da minha
sorte,
Ou seria destino ao
qual me destino?
Acontecem acontecências
Que não dependem, ou
sim?
Da minha vontade de
agir ou calar...
Que o tempo de lamuriar
Já é posto no passado,
ontem,
Com certa sinceridade,
Chorei ou sorri a
verdade
De meus dias
diversificados...
A diversidade de cada
momento
Fez-me cético e
hilário,
Sobre os fantasmas
De meu diário...
O que tens de teu?
Ou pensas ter?
O cão que compraste é
teu?
Os bens que acumulaste,
são teus?
A despensa cheia é
fartura?
Quem sabe o que de teu
sobrará
Antes da sepultura...
O que de valor não tem
preço,
Então o cão não é teu,
Se assim o fosse não
precisaria
Prendê-lo
acorrentado...
Os bens que adquiriste,
É sobra de alguma pieguice...
A despensa se esvaia
Com tua fome de um
dia...
Cuidado com o que
pensas teu
Pois se evapora no
adeus...
Não tenho nada de mim
Não tenho nada de mim
A que me presto,
Mesmo a força, que
tive,
Foi-me de empréstimo...
Devolvo à terra o que
me veio dela,
Cercado nesta
cidadela...
Pensei-me seguro, a um
tempo vário,
Agora posso arguir de
meus préstimos
O que fica por acréscimo
Ao que me fui deixando
restos...
Não tenho nada de mim
Que me console, além
desse cansaço
Que me põe exausto só
de pensar-me
Indo à janela auscultar
a banda,
No seu rastro de lesma,
Pendurada na nela...
Alguns poetas morrem
cedo
Alguns poetas morrem
antes,
Talvez mal alimentados
De esperança...
Em suas fases vitais
Concorrem com certos cães
Que não se amestram
E fogem dos canis,
Atarefados em seguir
instinto
De chorar passados...
Às quantas horas
Há tantas horas
Tua chave abre-te
portas,
São tantas chaveiras
Que confundem tuas
vontades...
A quantas horas
Consegues discernir a
estória
De uma derrota?
Se, ao abrires a porta
Tens de enfrentar os
mesmos
Perigos de um dia
antes?
A quantas portas
Tua hora abre-te com
tais chaves
Tortas?
Se as forças que tiveste
um dia
Acumulasse em tua
letargia
A paz deste momento não
seria...
Por todo chão pisado na
vida
O prêmio possa ser
alegoria,
De somar lágrimas
vencidas
E tornar tristeza em
alegria.
Cronologia
Entre lamúrias
E choramingos
O tempo ensina:
A paz de idade madura
Faz o cardápio de
cura...
A mão estendida
Diz a verdade amorosa,
Quem põe o braço
Na chuva é a viúva...
Quem sabe esses versos
É antigo tanto quanto
O alfabeto dividido
Em vogais e consoantes
Do tipo antes que
O tempo estrague
O encanto...
As verdadezinhas
Hoje estou a dar meus
cabelos brancos,
Símbolos do cansaço que
me dói tanto...
Quem dera pudesse somar
os anos
Perdidos na ilusão dos
silêncios...
Das alegrias somo as
querenças,
Das desalegrias as
desavenças...
Ah, se pudesse subtrair
aos trancos
Cada maledicência, e
deixa-las
Nas barrancas em que me
foi apoio...
Ofereço, sem custo, o
semeado de boas novas e sinto o amargo das derrotas...
Mas não assim o
esperado aos plantios,
Bem-intencionados, mas
secados ao frio...
O que me sobra, seja de
boas lembranças,
Seja de sustos na
memória... quem me queira ainda troco fios de cabelos brancos pela volata
despregada ao verbo...
Aula
Ensina-me
Como devo amar...
Que o tempo
Venha me ensinar...
No canto do passarinho,
No poema de estalo
Entre a flor e o
ninho...
Ensina-me, ternura,
Como devo amar
Cada criatura...
Camping
Algumas horas,
Perdidas ao acaso,
São a fantasia do
dia...
Tablado partindo,
Outra enseada...
Lona estirada
Trailers engatando,
Vida de sonho
Entre paradas
E o intenso labor
De montar lonas
E desmonta-las
Pleno inverno...
Algumas horas
São quase nada,
Espiando...
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