Dúvidas
A premissa,
Quase sempre
verdadeira,
Só não acerta a hora
despertada
E põe-se a migrar para
outra
Hora menos amada... na
verdade
Os cães ladram a
caravana para,
Assim se corrige velhos
ditados,
Que perderam o sentido
Devido à pressa dos
indecisos
Em manada...
Todas as mortes são
naturais
Segundo adágio da
Princesa,
Que sentenciava: “Por
morte
Natural por
enforcamento”
A família real perdeu
A batalha de cem anos,
O palácio da princesa
Pertence, em verdade, à
União,
(Por morte natural?)
Definitivamente...
O tempo em dois tempos
Para mim, para nós,
O tempo se divide em
dois:
O tempo da espera
E o tempo do depois...
Assim, são os
escaravelhos
A fuçar nossos dedos
Em torno dos monturos...
O segundo tempo
Se faz presente quando,
O mundo se acabando,
Se investe no futuro,
E põe-se a derrubar
muros,
Cada tempo tem seu
claro,
E seu escuro...
Cerdas de aço
Essas que burlam as
contingências,
Às barbas malfeitas,
desgrenhadas,
Grudentas em seixos
repisados,
Sentem a dor dos que os
pisam,
Sem revolta, onde
nascem os heróis
E fenecem os que
reprovam...
As vidas são desiguais,
Desaguam na mesma cova,
Os murais pichados são
a prova
Da existência de anais,
desastrosas,
Não há revolta nas
cerdas de aço
Que se açoitam em
resposta...
As folhas secam nos
costados,
Mas vão ressurgir na
tarde
Brilhosa...
Por isso não há revolta
Entre apanhadores de
vime...
Por isso esta
compassiva
Espera pelo divino,
Mesmo que nunca venha
Socorrer os
desassistidos...
A fé é maior que a dor
Que já abranda no
falecido...
Incensários
O incenso
Era para trazer
felicidade,
Mas a felicidade
dependia de grana,
Como grana não existia,
felicidade,
Nem acendendo incensos,
Nem criando um
incensário
Para os romeiros
incensareiros,
Cuja fé atravessa
montanhas,
Mas não as move,
Como diz o ditado
utopista,
Sobre a sorte...
No minuto atual
A presença do pensar
sonoro,
Como sinos às seis
horas,
Já ao romper de nova
aurora...
O corte sangrando a
dor,
A demonstração do amor
Entre as pessoas vãs e
pessoas vilãs...
No minuto atual a dor
se relaciona
À morte desses
semimortos...
Não choro a morte,
Que é o princípio da
vida,
A que vem para
descansar o corpo
E nos dar guarida
Em novo horto, que nos
espera
Em confronto com que
Apreciemos o outro
lado,
Sem estorvo....
O papel em branco
O papel em branco
é quase tudo,
Em sendo quase nada...
Depende da paz do
momento
Para a folha se tornar
Alguma coisa palpável
A ideia de não apressar
A apreciação
Da parte em branco
Nas entrelinhas fartas
De razão...
Grito em silêncio
Grito em silêncio
porque
Ninguém escuta
Um grito muito alto
Rivalizando
Com fogos de artifício...
Então me calo, bem
alto!
Me sufoco de silenciar,
Me engasgo de calar
E volto-me para
Meu princípio de vida,
Quando tudo era feito
Para ficar...
Ranger dos jacarés
Da para descobrir
Se as pessoas são
confiáveis
Pelo jeito com tratam
os confiantes...
Esses que se pensam sábios
Por discutir suas verdades
Quando em verdade
discutem
O sexo dos anjos...
Em reuniões
intermináveis
Se igualam ao canto do
galo
E ao ranger dos jacarés
Por motivos vagos,
Motivados pelas manhãs
frias
Só por estarem frias...
E se desdobram em
alegrias
Nas desalegrias, finda
aqui
O que seria verdade não
fosse
Obviamente mentira...
Florescências
Sobre a campa
Floresce a flor
Onde se plantou
O homem finado.
Assim a vida responde
À oração de quem
Encerra a vida
E esquece...
Ao rigor da lágrima
A lágrima se oferece
Como salvação...
Talvez apenas como
Lenitivo à dor...
Mas é gratuito
Chorar sentimentos,
Seja tristeza ou
alegria,
Talvez felicidade
Pelo encantamento
De desfazer o logro...
Mas será sempre
Rigorosamente
Uma lágrima
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