domingo, 17 de novembro de 2013

Furacão


Enquanto a cidade se acaba
O pescador perde seu barco,
O navegador perde seu rumo,
O taxista perde a noção de taxiar,
Uma abelha continua visitando a flor
Como se nada estivesse a acontecer...

Neste dia de acabar-se o mundo
Jovens correm sem rumo pela rua
Desfalcada de sinais e pedras,
Mães procuram crianças nas águas
Das ruas antes passeadas...
A abelha não perde seu tempo.

Neste momento uma cobra nada
Entre amedrontados viajadores e
Passarinhos catam migalhas, cães
Farejam suas dores enquanto
Homens choram a impotência
De segurar essa água bruta...

Enquanto a cidade se acaba
Bêbedos pensam na ressaca,
Pais socorrem-se nos filhos,
A estrada vira mar de lama...
A abelha colhe o pólen
À espera do novo dia.
Na profundeza do tempo


Na profundeza do tempo
Colho notícias dos outros
Que passaram por mim
Em gerações díspares...

Na profundeza do tempo
Procuro as luzes de antes,
De quando via futuros
Na espera de esperança...

Na profundeza do tempo
Encontro motivos afáveis
Para procurar-me sentir
No canto ainda fresco,

Restado o fundo opaco
Dessas lembranças rasas
De horas deliciadas
Da profundeza do tempo.

Retrato de tantos acertos
Entre erros e barricadas,
Apenas ficado à saudade
A profundeza do tempo.



As esperanças


Estou em paz com o passado.
O mundo é rude, mas honesto,
Fora os senhores do juízo,
Vendidos aos senhores do poder
Paralelo...

Estou em paz com o mundo rude
Porque não devo respostas
Aos senhores, nem do juízo,
Nem do poder paralelo,
Afoitos em sepultar.

Estou em paz com a esperança
Que tive por muitos momentos
De minhas vidas...
E com a desesperança
Que me abateu em outros.

Estou em paz com o que passou
Em mim, levando sonhos,
Como vendavais sobre torres
Que não cederam ao crivo,

Estou em pé!

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