terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Cenário cinco
Dar de comer à grávida
Terra temperada mal passada...
Onde estará fulaninha?
Como terá sido engravidada?
Quantas pedradas levou da vida?
Quantas vidas velou fulaninha?
E os carinhos que merecera,
Que outro lhe prometera...
Fulaninha das pernas soltas,
Ossadas, bundinha fofa,
Sonho apalpando-se menino,
Querendo ver de mais perto,
Querendo, tocar, puxar,
Saber como era ser menino
Nos terrenos do mandris...
Lembro quando vejo meninas
arrumadinhas e pouca moleca
Assanhando meninos...
Pouco quintal, pouca calçada...
Se não fosse o medo das pedradas,
Teríamos sido felizes?

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.
Cenário seis
Me enterneço com a vida
À volta desses sonhos juvenis
De agora... De antes...
Pouco tempo para molecar,
Meninos machos e fêmeas
Arrumados pras vitrines,
Talvez sonhando passarinhos
Soltos no pé da escada...
Um pomar carregadinho,
Umas molecas daquele tempo,
Umas assanhadas meninas,
Que me lembro... Lembro
Uns guarda-pós para escola,
Uma escola de verdade,
Cortando as unhas sujas,
Apaziguando as verdades,
Surrupiando inverdades...
Mas eu estava só poetando,
Cochichando meu sorriso
Com os mortos
Desta tarde.

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