sábado, 27 de fevereiro de 2016

Cenário quinze
“Sentimento
0 Não se mede pelo gesto,
Pois certos gestos não levam
sentimento algum”
O sentimento é o não escrito,
O que se deixou de falar, contar,
Por ser a palavra pequena demais
Para mostra-lo inteiro...
No ser o sentimento depende
Das surras que se leva,
Ninguém teme a mão até que
Ela esbofeteie sem réplica,
Por muito que a mão
Não amedronta, vazia,
Mas, carregada com a pedra
Da vingança, sarcasmo, inveja,
Fará o medo aflorar nos vivos...
A mão que faz o sermão afeta
Menos os crentes de seu gesto,
Mesmo abusivo.

Cenário dezesseis
A mão que acena adeus chora
Seu gesto à mão que pede socorro,
Grita seu horror frente à outra mão,
Mais que a fala gesticula sua garra!
Enfoca pelo medo o arremedo.
O padre batiza pelo gesto,
O vendedor negocia pelo gesto,
O matador suplicia pelo gesto.
O gesto gesticula cada resto.
Gesticulando sonhei estar fofando
O brejo dos porcos no capim
Gordura, comendo seus ossos...
A merda cagada nos esgotos,
O gosto... O desgosto... Sonhava
Sair voando como a borboleta,
Sair coaxando, comendo borboleta,
Sair nadando, ciscando o fundo do brejo,
a procura do outro brejo...
O que nos cerca e abate o gesto.
Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.

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