segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A casa cega


A casa cega
Não sabe os arredores,
Já se faz inverno,
Ainda cheira à flores…
Já secam as folhagens,
Ainda cheira
A terra molhada
À casa cega,
Que não se indispõe
Com o tempo eivado,
Para ela é sempre
Primavera…











Mesmo crescidos


Suas pegadas
Continuam infantis,
Pés de anjo,
Pensamentos vis…









Nesta pedra desvestida
Dá-me pena da flor,
Que se teima florida…







Na raiz da parede


Na raiz da parede
Brotam as samambaias…
Agarram-se à vida
Entre ventos fortes
E o lixo juntado,
Formam uma só família,
Um societário endivido
De ciscos e papéis, e restos
Do todo consumido perto.
Na raiz da parede
O vento faz sentido.












A importância dos nadas


Na importância dos nadas,
O bem-te-vi na sacada
É mais de ser importante
Que a conveniente sacada…
A não ser pela flor pendida,
Que se torna importante
Juntada à cor da parede
Que ostenta um calendário
Mostrando o último dia
Do mês tido por passado,
Talvez dessa vida viúva,
Moribunda, escalavrada,
Ensonando na cadeira,
Mais um penduricalho
Entre cantores bem-te-vis,
Que enfolha a samambaia
Na importância dos nadas…









Não se iluda, amigo,
Podes fingir para todos
Mas não fugir de si…
Por esses nadas.









Não é possível
Construir razão
Para um momento
Desarrazoado…









Todas as vezes que o cuco
Bate as contadas horas
Bate no coração aquela dor
De estar a ir-se embora








Por difícil que te pareça
A estrada pedregosa,
É por aí que tens de ir
A caminhar tua grosa…







Frutos sem dono


Vendo a passarinha
Bicar o mamão maduro,
À estranheza de Dona Cota,
Dona por tê-lo plantado?
Reviso que os frutos,
Em primeiro foram nascidos
Comungados com pássaros,
Para uso deles em antes…
Dona cota tomou conta,
Além de colher os frutos,
Prendeu os passarinhos
Com seus alpistes e telas,
Prendeu o cão e o gato,
As ações em separado…
Só não conseguiu libertar
A si mesma, com triste olhar
Perdedor das felicidades.




Nas profunduras do tempo


Nasce a vida,
Renasce…
Surge a esperança
Nascidiça
De novo sorriso
Inocente
Sobre as notícias
Desse dia…
Hoje a canção
Se renova
Em tamboramento,
Lamento
De que foi prosa,
Agora senso.









Deite-se


Deite-se
Sobre teus louros,
Expia o que te espia
E te assombra à espera
Da tua última sombra.
Deite-se e espere…
Que tua paz virá
Entre esses tiros de guerra…
Deite-se e pense na mesmice
Toda que se perde nesse lodo
Que te é o resto de existência…
Deite-se e imagine
Um tempo de paz duradoura,
Sem esses tiros perdidos,
A te encontrarem…
Sem a balbúrdia de canalhices,
Diplomaticamente chamados
Vossas excelências,
Na lassidão das grades…
Deite-se e ouça da madrugada
A letargia de sorrir
Ao novo dia!
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