domingo, 19 de fevereiro de 2017



A fala da poesia


Pode aumentar
O tempo de vida
Pois enquanto leio
Não envelheço.





Em companhia


Vou sentar do meu lado
Para sentir de perto
Minha consciência,
Meu humor,
Meu hálito,
Minhas vozes…
Vou sentar do meu lado
Falando pra dentro,
Em silêncio.
Vou sentar do meu lado
E desvendar meus segredos
Dos tempos vividos,
Dos tempos por vir…
Vou sentar do meu lado
E espairecer…











O substantivo bêbedo
Pode ser adjetivo
Desqualificativo
Se juntado à palavra
Homem…







Cativeiro


Passarinho preso
Não canta, chora…






Quando voltaremos a ouvir os grilos?


A noite chega,
Imperceptivelmente,
As luzes dos postes
Vão se acendendo,
Moleques aquietam
Suas algazarras,
No mercado o cheiro
É de pão quente,
Na rua a pressa
Põe ordem nas lojas,
As portas de aço
Se fechando…
A fila no ônibus circular,
A pressa no barulho
Das modernidades…
Quando voltaremos
A ouvir os grilos
Nos fins de tardes?





As feras verdadeiras


As verdadeiras feras
Não são as que tememos
Pelos rugidos…
São as traças nos tecidos,
As sanguessugas,
Os Aedes Aegypti…
Essas são as verdadeiras,
Que herdarão o mundo
Após os homens finarem.
Do tempo dos dinossauros
Sobreviveram as baratas,
Do nosso tempo ficarão
Os vermes alimentando-se
Dessas pequenas feras
Que se confundem
Com a paisagem
E proliferam…






Mudanças


Somos nômades,
Às vezes fixados em alguma
Nascente…
Mas sempre sondando
Novas moradias
Além das vertentes.
Somos gregários,
Às vezes abrigados com amigos
E parentes…
Mas sempre de braços dados
Ternamente.
Somos aviculários, navegantes,
Viajando sempre
Ao que seria o antes,
Mas fortemente enraizados
Aos ascendentes…
Descendentes…
Precatados, vagamente
Mudados…




Entre pipas e telas


É hora
De desempacotar as horas
Recebidas
Como presentes do tempo…
Vencido o tempo
De em meninos, nos telhados,
Suas pipas, suas malandragens
Copiadas de outros tempos…
É hora de rever esses meninos,
Atualmente menos traquinas,
Mais aquietados,
Guardados em suas telas
Em situações virtualizadas…
Sei que parece saudosismo,
Mas hoje os meninos
São menos infantis,
Não conhecem a aventura
De roubar quitandas,
Mas também não têm respeito
Pelos outros ao seu convívio,
E o que me dá pena,
Nem por si mesmos…
Indivíduos.

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