sábado, 11 de março de 2017


A obra de um homem
Infinita o homem…




Com quantas alegrias
Se faz a alegria?





Certa poesia
É tão concreta
Que não tem alvo
Nem seta…




Poetizar é inventar
Coisas que já existem…





Porque partiste
A casa ficou,
O coração acuado
Na extasia…




Quando o corpo
Começa a quebrar-se
A alma se inteira
E se entrega…








Tempo de plantio

É tempo de ajardinar
O mato crescido a esmo…
Sombrear o tempo
Que não esvaneça,
Sonhar que a vida
Não se ausente
No sentimento de vegeto
Ainda sendo gente.
Já fui todo canto,
Do pássaro nesse assombro
Entre as diversas fases
De empobrecimento,
Tendo sido perdedor
De galhos ressequidos
Pelo vento… Mas ganhador
Dos repentes como esse,
De poder voar,
Enraizado em pedra
E ter um pé ao mar,
Viajado na seca campal,
Que a perda com que medro,
Ganho, inda que pouco,
Na verdade de ser forte
Em sendo torto.
Estações


Da quadra
Que me faz florir
Em pleno inverno
Trago a lentidão
Da efratura,
Crescido
Em galhos tortos,
Frutificado
Em cedros
A cada ruptura…







Ao pôr do sol


Da pra ouvir a taturana
Roer a folha da palmeira…
Silêncio.
Não incomode a vida
Se transferindo aos corpos
Mutantes dessa tarde…
As meninas se maquiam
Para o happy hour,
Os meninos se procuram,
A TV cala dialogados…
O que se passa ao vento
Além da velha palmeira
Que atrai olhares
Furtivos?







Amanhecimentos


Lá vem o sol
Agarrando-se às nuvens
Com seus tentáculos
Coloridos…
Antes de expor-se inteiro
Para meu deslumbre…
Lá vem a pressa,
À qual não tenho apreço,
Dos que, quase acordados,
Caminham vesgos…
Lá vem o verde,
De há pouco escuro,
Fazer-se dono desse
Albor todo…
Lá vem meu dia
A me despertar
Ao novo.






Lugares


O lugar
Onde tudo acaba
Pode seja o mesmo
Onde tudo começou…
Não importa,
Importa a sensação
De se ter vivido
A corrida a esmo
Pelo desconhecido…
A espera pela manhã
De amanhã
Sem essa pressa
Que raivasse…
Apenas a palavra
Teimando aposse,
Em prometimento,
O lugar onde seja
O momento.





Quinta-essência


Na rua
De que me lembro
Criei de inventar
Eventos quintadores,
Ninhos de pássaros,
Tocas de tatus
Nichos de tatuas…
Galinhas ao relento.
Na rua que fabrico
Monto montículos
A perpetuar a ideia
De engenharia tosca
Reluzente ao tempo
Caiado reinventado…
Ao novo tempo.
Sem lamúria perfilho
Ter sido mais crente,
Que agora descreio
De ter sido forte
Enquanto fraco
E tornar-me fraco
Em sendo forte…
Para o momento.



Deixe sonhar
Quem está acordado…
De vez que possa
Dormir tranquilo.




O que posso afirmar
Do não vivido
Se não sei o que fere
Mais o meu sentido?






Episódicos


As coisas,
Acumuladas pelos anos,
Jazem nessa mesinha
De canto.
Isqueiros, barbatanas,
Ainda funcionam,
Aquele relógio plano,
Ainda funciona,
Como as coisas todas,
Que se as ative!
Ele é que já não vive
No cansado ano…








Se estiver com sono, durma.


Se tiver sono, durma.
É a recomendação do cardio.
Eu já tenho dormidos
Os meus sonos dissonados…
E além do mais
É o sono que me tem,
Quando assim lhe aprouve,
Eu só obedeço,
Não repenso o dia suado,
A ventilação do teto,
A farofa feito pedra,
E durmo,
Estando ou não acordado.






Relatos


Que livro
Me dirá a verdade?
O que li
Ou o que estou por ler,
Recomendado?
Ou a fala do senhor,
De passagem
Que conta o que veio a ter
Nessa página que
Lhe resta inda viver?
Talvez o gesto do menino
Que acaba de nascer
Virá mostrar-me
O Desacontecer
Dos fatos…








Notórios


Todas as verdades
Estão expostas
Nos menores gestos…
O que fala a boca,
Ou o noticiário,
Talvez não seja o certo,
A verdade será exposta
Nos tantos gestos
Dispensados.






Todos estão comigo?


Todos estão comigo
Nisto de sentir no vento
Suas presenças,
Das primas às coisas…
E em meu rosto sopra
A presença do que creio
Seja Deus em nós
Quando precedemos
As pessoinhas novas
A cada floração.
Todos estamos aqui
Superpostos
Em nossos descendentes,
Vindo de nossos ascendentes
Com mesmo genética fonte
Que nos faz, de nós,
Nós mesmos.






A vida dessas paredes



A vida dessas paredes
Difere da minha.
São rachaduras ou veias?
São retratos ou extratos?
Nossas vidas se completam
Enquanto coisas…
Não me sei mais que coisa
Entre paredes coisas
Com seus pregos segurando
Coisas…
E minha vontade
Segurando retratos
Desses parentes consanguíneos,
Como os pinhões nesses pinhais,
Essas laranjas nos laranjais,
Os bichos dessa floresta
Planta em nosso meio,
Sendo veio.








Eu.
Que me transo
Às horas tantas,
Vivendo-me
O que me haja
Por viver,
Sei-me
Capaz de tanto,
Correr as tantas
E me desacontecer
Sem pranto.








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