terça-feira, 7 de março de 2017



Tudo é discutível
Se alguém resolve faze-lo,
Até a idade da razão,
Último apelo…









Todos temos
Arcanjos no nome,
Poucos os tem
Na consciência…









Dos velho passantes
Ficaram as sombras
Que se deligam deles,
Cambaleantes…






Propalado


Assisti algumas missas,
Desacreditando no inferno.
Agora o Papa diz o que eu pensava…
Mas já não acredito em nada






O funil profundo


Grisalhas tricotando nas janelas,
A profunda imersão na saudade
De um dia terem sido
Senhorinhas desejadas, ainda belas…
Calçadas iluminadas pela chuva,
Grisalhos jogando dominó
Tentando ser a vida, ainda aquela,
Antes do pó…
Viagens pela consciência
Deslavada de memórias inúteis,
Absolutos donos das verdades
Descontestadas…
O tempo sendo levado por essa água
Trazida d’outras madrugadas,
As mentes a sonhar novos estágios
Entre o feito e o sonhado,
Deixado por fazer…
Assim a margem de erros
Se desconecta da realidade,
Um sonho deixado de viver desfaz-se
Em formas de poeiras anuviadas,
E vai-se ao entardecer…

Meu amigo,


Todo poema deve ser escrito,
Descrito assim como medo
Parece avesso do que foi pensado,
Mesmo que sofrido.
A vida é feita em círculos,
Que chegam, um dia,
A cruzarem-se fim ao início,
Nessa falência, se não for dito,
E ficar calado.
Toda roseira, se não for plantada,
Nem de espinhos verão sua arte…
Mas a arte floresce porque
A dor inspira mais que o riso,
Embora o riso seja esperada flor
Desse pegadiço plantador…
Mas por ofício o poeta está vivo
Nessa florescência,
Mesmo que doído.







Falência
( poema de ROBERTO NAVARRO )
Estou cansado de andar em círculos.
E de aguar roseiras que não vão crescer,
que até o próximo verão só engendrarão espinhos.
Estou farto de tantas coisas,
tantas que mal posso enumerar,
e no entanto aqui estou,
rabiscando um poema que ninguém lerá.
Tudo me parece tão inútil!
Este poema, por exemplo,
nunca devia ter sido escrito,
e, no entanto, aqui está,
além da metade.
Você sabe,
meu bem, toda a verdade:
só se dá ao luxo de escrever poesia 
quem morre de medo da vida












A sacada
Não ter de ser bonita,
É feita
Pra apreciar a vista…







Agora recolherei
Minha fantasia,
Aquela que vestiu-me
O dia…



Quase impossível
É rever o tempo
Neste retrato que
De mim ele faz,
Hoje, que as flores
Não brotam mais.
E eu quase nada tenho,
Além das marcas senis
No rosto…
As marcas maiores
Que a vida me tem…
Conheço-me nas partes
Menos ocultas,
Mas as que não quereria
Não as faço ver
A ninguém










Às coisas levadas
Pelo mundo
O meu amor
Mais profundo…



Verbalismos


As pegadas na estrada
Só serão visíveis enquanto
Não haja outras, repisadas…
Assim como nossos escritos,
Nossas ações, nossos vícios,
Nosso dia hoje…
Rapidamente diluídos
Em outros tentos…
As pegadas desaparecem
Com o amanhã
Amanhecendo
Em nossas mentes.
Mas o porvir não faz parte
Deste momento
Pela razão simples
De estar por vir…
Ainda vale por agora
O por vindo antes desse tempo
Que amanhecerá em nós
Gravando falas e entendimentos
Que não cogito no sempre,
Advindo desses momentos.




Por todas as mulheres


Dia internacional da mulher.
Não sei se proponho um brinde
Ou uma oração…
Talvez os dois pretextos
Por razões diversas…  Sei não,
Sei é do meu muito respeito
Por esse gênero oposto,
Desde a mulher de meu berço
À mulher de meu gosto,
E às descendentes delas…
Às mulheres que me rodeiam,
Ou não, em seu silêncio, ou não…
Em seu grito em desespero
Quando agredida, ou
Em seu grito pela liberdade
Conseguida…
Em sua força desmedida
Quando acuada ou cobrada
Na posição de chefia, ou guarda…
Que homem pode sopesá-la
Na força de sua “fragilidade”?



Que dia é mais propício
A brindar ou orar por elas?
Que bem assim o merecem…
Talvez numa tarde calma
Como a de hoje quando
A vida se renova em tantas,
Renasce em úteros plenos,
Refaz-se em afagos dengos…
Confortam-se em oração.
Alce comprometimento
A cada nova situação,
A cada desprendimento…
Tempo de mães solteiras
Deixadas pela covardia
A criar de si suas crias…
Vejo batalhas de machos,
Enquanto nem todos
Sejam homens,
Pelas ruelas da lida…
Delas a batalha é outra,
Sangram as palmas pela vida
Em que o luto é despedida!
À mão que assim se reparte
A minha considerativa.

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