sexta-feira, 27 de março de 2015





Trago comigo
A sobrevivência dos ponteiros
Esperando
A subida para as nove,
A descida para as três...
Paciente como a aranha
Espera a mosca,
Espero a moça de trejeitos
E formas...
A ideal, a perfeita.
Assim somos de dois gêneros,
Curtindo a paciência
dos ponteiros...










Aedes aegypti


Estamos arcados na janela,
Sobreviventes da perdição dos tempos,
Dependentes dos valores falsos
Do dinheiro que atravessa oceanos
E impõe a cotação dolariana
Desfeita em derrotas,
Contas fantasmagóricas,
Incidentes sem Antares...
Uma pá de cal sobre os problemas
É o resultado de exames médicos,
Que nos fazem, além de avaros,
Deficitários na derrota para essas
Moscas coloridas do Aedes aegypti
Silenciosas sem o zunir de pernilongos,
Mais ferozes...
Fica a dúvida: como voam
sem bater asas?


Sergiodonadio.blogspot.com



Freios


É um encontro difícil,
Pesado,
Vertiginoso
Quando se espera pela poesia
Contida nos desacontecidos...
O silêncio cortado pela freada
Do trem em seus trilhos de ferro
Não ajuda,
O pio de fome do pintainho
Não ajuda.
O latido do cão à passagem do gato
Não ajuda...
Tudo poderia ser um encontro,
No mais das vezes desencontro,
Com a poesia, contida no silêncio.
Inda acordado após o freio do trem
No fundo da alma.









Não... Não estou solitário.
Estou em silêncio porque
O silêncio é necessário...









A vista, do alto da ponte,
É magnífica...
O salto do alto da ponte
É que é suicida...







Não falamos a mesma língua


Eles não sabem disso,
Estou com setenta anos,
Eles com trinta e poucos...
Eles não têm ideia do quanto
Demora o dobro do já vivido
Por eles...
Não sabem que é muito mais
Demorado
A segunda parte das dezenas
De anos contados
A partir do nada.
Mas também não têm o prazer
De assistir erros crassos
E rir disso agora...
Mas também não conhecem
O prazer de errar
Tantas vezes...
Eles não sabem de nada,
Não sabem dos nada...
Até aprender.



O violino


Eu tive um violino...
Já tive um violino
Como alguns
Têm cachorros,
Já tive um violino
Como se fosse
Toca-lo um dia...
Mas nada deu certo,
Eu fiz os solfejos,
Fiz as escalas,
Fiz as posições...
Mas não deu certo.
Eu tive um violino
E perdi-o na derrota
De não poder
Sabê-lo.





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