terça-feira, 26 de janeiro de 2016



O vidro que se quebra


O vidro que se quebra
Não é um vidro ido...
É um vidro quebrado,
Mas continua vidro...



A paz que se queda
Não é uma paz vencida,
É um tempo dado...
Não pedido.



O tempo que se quebra
Não é o dia ido,
É o relógio atrasado
Marcando o endivido.





A guerra que se perde
Não é o tiro perdido,
É o último derrotado,
Tendo vencido...



O lápis que se quebra
Não é lápis perdido,
É a memória ativada
Do que deixou escrito...



O morto que se enterra
Não é o corpo estendido,
É quando se esquece
Ter esse morto vivido...





Assim o canto do silêncio
É o último sustenido
Entre a flor brotada
E o pendão colhido.



Por mais que se faça
A herança do possível,
A briga entra em casa
Pelo não dividido...


O vidro que se quebra
É a guerra que se perde
Vencedor ou vencido
A nulidade do vivido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário