terça-feira, 3 de fevereiro de 2015



O poeta não é um fingidor!


É um operário longe das forjas
A forjar na mente ideias novas,
Tornear reflexões claras,
Vivas peças de viver o tempo.

Pode uma palavra ser tão mortal
Quanto a adaga, mas não haverá
Intenção de ferir por sincera,
Viva, lavrada em puro esmero.

Não forjamos aço para guerra.
Forjamos almas para a paz!
Não moinhos de vento, ideias!

O poeta não é um fingidor!
Não finge que seja dor
O que deveras dói na alma.







O muro das conversas
Prende esconder de outros
As novidades chulas,
As verdades claras,
As vozes exultadas
De saber segredos...

Este muro invisível
De intenções marotas
A dizer baixinho,
Para que não se o ouça,
Acontecidos da tarde solta
Entre manhãs verdades.


  



A certa altura
Todos estaremos bêbedos,
Uns de álcool,
Outros de letras.
Alguns se embriagam
Dos dois
E ficam se masturbando
Vendo a bêbeda mostrando
As partes.
É assim que divisamos
O amor real,
Imaginado ser real,
O impossível amar
A felicidade
da tristeza.





Ensejo
Do livro ensejos

A poesia deve perfurar paredes,
Mentes reacionárias, vadiações
Do tipo não sabe nada...
A poesia deve sangrar os poros,
Chacoalhar miolos nas variações
Das frases natas...
A poesia deve morar na lagarta
Que explode de seu casulo
E colore-se borboleta...
A poesia deve ser pura para impuros
E impura pra os puristas, sem
A náusea provocada pela ira.

Que a poesia é voz, não é mania,
É como que seria providência,
Não a penitência do culpado.
A poesia escuta o mal falado
E explica a datação carbônica
De cada ato, desde o ranço.
A poesia é para ser a recriação
Do fato, mesmo do que ainda
Está por acontecer.
Sergiodonadio.blogspot.com




Lições do fogaréu


O renascer das coisas em cinzas
Faz crer na existência de um deus
Entre as inverdades das promessas
E a verdade dessa brotação em festa.
Daqui, desse solo carcomido,
Dentre as chamas as cinzas mortas
Revigoram o verde, esse milagre
Para quem não acredita mais nisso.
Olhai os lírios do campo...
Que os plantou e fez florescer
Tais puros caules a fazer colores
Das cinzas que ventaram ontem?
Se hoje existe esse campo verde
Que vejo entre minhas dúvidas
É porque a natureza mais que abusa
Das precauções do cético.


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