quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Gosto de fruta doce


A doce alegria
Das horas bem dormidas,
Transmitida na força do sorriso
Dessa criança sendo servida.
Gosto de fruta doce, madura,
Cheirando ao fresco aroma…
Assim é a vida levada a sonhos,
Sonhar o impossível regresso,
Com o possível ingresso na orla
Desse mar bem-vindo,
Desse rio de água pura…
Desse sorriso criança
Inda na inocência de sua pré…
A doce forma de guardar na foto
O momento giz da cantiga.
Este sorriso, se forçado forte,
Mas tranquilamente verdadeiro
Ao lembrar depois de amanhã
Tamanho zelo.
A doce alegria da inocência
Enquanto subsiste sobre
Outras lembranças
Da vivência…
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Incógnita (Portugal) 
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As pessoas passam


Olho pela janela,
As pessoas passam…
Olho pela janela,
As pessoas passeiam…
Nenhum mal há nisso
A não ser a distância
Entre o bem o mal.
Olho pela janela,
Não distingo o armado,
Se bandido ou soldado…
Ou as duas coisas.
Olho pela janela,
Assusta-me a dúvida,
Já não vejo flores
Nem o sol se pondo,
Vejo caminhantes
Com suas sombras
De cowboys.





Os versos são livres


Os versos
São livres pensares
A ser colhidos,
Se não tolhidos
Por quem não os semeia.
Passageiros das mentes,
Instrutores das almas…
E vão te fazendo menor
Tanto mais se desfazem
Em palavras lavradas.
Assim, palavreadores,
Ao plantar suas sementes,
Esperando que as colham,
Frutos, adiante, doces,
Que não pereçam azedos
A puxar o riso entre dores
E fazer de amoras amores,
Antes que o fossem.






Somos um tanto cegos


Somos todos um tanto cegos,
Ao não ver obstáculos…
Mas sentimo-los nas topadas,
E daí nos desviamos
E vamos em frente,
Que, à frente, teremos dúvidas
Dirimidas…
É preciso sentir acontecimentos
Que os olhos não podem ver
Em sua visão estrábica.
E seguir em frente…
E seguir em frente…
Até que se acabe a mágoa










A vigor


Há mais pessoas
Enterradas
Que pessoas
Caminhando
Sobre as campas…
Os ossos são memória
Que avigore.
As vidas são contadas
Pelos fatos,
De bordados
Sobre as mesas
A concreto
Sobre o asfalto.










A diminuta aranha


A diminuta aranha
Bordou sua teia hoje pela manhã,
Já anoiteceu e não conseguiu
Sua mosca…
Dá-me lição de perseverança,
Pode seja meu olhar poético
Mas é verdadeiro:
Nós, humanos, não temos
Essa paciência à espera da caça,
Sobre a mesa posta.













Fracionamentos


Descubro, pesarosamente,
Que só eu, às vezes, não me sei.
Todos sabem onde pisam,
Todos têm seus GPS
E se guiam direitinho…
-Para suas covas? Me pergunto…
Sei do meu tempo ido,
Não sei de meu tempo vindo…
Todos se comprazem em resolver
Seus cocientes, suas frações,
Mas não suas consciências
De tempos elevados a números,
Vendidos ou comprados,
Nessa elevação numérica
Ao quadrado.











Todas as ordens
Foram desobedecidas,
Fica patente que
Não é proibido ser feliz
Entre as agruras do tempo…
As más línguas,
As boas línguas,
A festejar aleatoriamente
O que se vai com a gente
Entre sóis de meios dias
E sombras de meias noites…
Das alegrias benvindas
Aos açoites.













Aqui se grava
A mala sorte
Em fogo e água,
Em água e fogo,
Ao se fundir o aço
Na moldura
Do ferro gusa
À forja acesa.
Aqui o ferreiro ferra
Seu próprio casco
A calçar-se a ferradura
De seu cada ato.



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