segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A presença dos invisíveis


Neste fim de ano, desejando um feliz natal a todos, quero relembrar Gabriel o Pensador, quando fala da invisibilidade dos cidadãos de profissões "periféricas", como catadores de papel, coletores de garrafas pet, garis, faxineiros, entre tantos outros, que vivem no mesmo ambiente dos bancários, profissionais liberais, comerciantes, balconistas, industriais, mas que são invisíveis, na sua informalidade forçada. Fazendo um trabalho tão digno quanto o dos outros, mas não reconhecido como tal. Peço que o leitor faça uma indagação à sua consciência: Você trata igualmente sua faxineira, seu gari, seu coletor de lixo, como trata seu médico, seu advogado, seu atendente bancário? Você conhece pelo nome, ou, mais pragmaticamente, reconhece uma dessas pessoas se a vir fora do ambiente de trabalho dela? Você cumprimenta o gari de sua rua? Você atende o catador de pet com a mesma atenção com que atende o vendedor de seguros? Se não estiver mentindo para si, reconhecerá que não. Que não dá a devida atenção ao cidadão que limpa sua sujeira, que lava e passa sua roupa, que recolhe seus restos nas lixeiras fétidas das ruas...bom momento de mudar de atitude.
Dia desses, vi gerente e funcionários de uma loja, de queixo caído, quando o catador dos papelões que a mesma loja descarta diariamente, comprou um aparelho eletroeletrônico da loja e pagou mil reais em dinheiro vivo. Aparelho que os funcionários da loja não têm.
(Do outro lado dessa moeda, um amigo industrial, que encerrou sua atividade no mesmo ano em que eu encerrei(depois de quarenta anos, no meu caso) viu-se nessa situação, como eu também senti na pele, de se tornar invisível para alguns companheiros de profissão, pessoas com as quais convivia diariamente, em reuniões, em viagens, em situações idênticas de problemas iguais, resolvidos em conjunto, que agora, (friso: em alguns casos), não o viam mais, mesmo que sua presença fosse notória. A mim feriu bastante, como a todos que conheço, aquele momento de distanciamento, já cicatrizado pelo tempo.)
Por isso, por esses que se sentem invisíveis perante a sociedade, neste natal quero desejar a todos que se presenteiem com mudanças de atitudes frente aos menos aquinhoados, senão pela sorte, pela oportunidade ou mesmo pela capacidade. Exercendo profissões tão mal vistas, mas que são tão dignas quanto as outras citadas.
Lembremos que o natal é o aniversário de Uma Pessoa que pregava justamente a igualdade!

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